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Luis Gustavo Morato Leite

Dentaduras. Novos tratamentos e dicas para uma vida mais saudável.

dentadura post

Viver com dentaduras exige bem mais do que força de vontade. Novos tratamentos e dicas trazem mais conforto e segurança para uma vida mais saudável para portadores de prótese total.

 

Por Luís Gustavo Leite, dentista graduado e especializado em próteses dentárias pela Ufrgs, em Porto Alegre.

 

 

A busca por uma vida mais saudável traz desafios para portadores de dentaduras.

 

A dentadura é uma antiga técnica para a recomposição da estética e da mastigação da qual muitos indivíduos ainda são dependentes. Precisamos dos dentes para uma vida mais saudável – e mais longeva. Infelizmente, seu uso é sinônimo de limitações alimentares, dores, insegurança, baixa auto-estima e diversas doenças causadas pela prótese. Um martírio que só aumenta com o passar dos anos mas que pode ser aliviado com algumas medidas de uso e tratamentos dedicados

 

O tratamento mais eficaz para combater as limitações e problemas com dentaduras depende da rigidez oferecida pelos implantes dentários. O preço mais elevado dessa técnica, entretanto, pode colocar no reparo ou confecção de novas próteses a solução momentânea para melhorar a estabilidade, estética e o conforto das atuais dentaduras. E é exatamente para esses indivíduos que esse artigo foi desenvolvido. (por questões práticas, algumas informações e detalhes técnicos foram omitidos.)

 

 

Novos materiais e tipos de dentadura: o abandono da indústria odontológica e comunidade científica preocupa.

 

Os tratamentos odontológicos com próteses convencionais como dentaduras, pontes móveis e próteses em porcelana sobre estrutura em metal (metalocerâmicas) não estão no foco da indústria odontológica ou da comunidade científica. Se a primeira justifica a baixa lucratividade da linha de produtos para dentaduras como motivo para a inviabilidade comercial, pesquisadores apontam a obsolescência técnica do tratamento com dentaduras como motivo para o limitado número de pesquisas científicas. Um cenário desanimador.

 

De fato, parece que quase tudo já foi tentado e inventado para melhorar a vida dos portadores de dentaduras, não havendo mais espaço para inovações. E há uma razão bem clara para isso: o implante dentário ósseo-integrado já é evolução natural para a prótese total. O problema é que o número de brasileiros que ainda dependem das dentaduras ultrapassa os 5 milhões de indivíduos, segundo pesquisas recentes. É preciso um pouco mais de atenção com as necessidades e limitações desses indivíduos.

 

dentadura candidíase e hiperplasia da gengiva
Hiperplasia da gengiva e mucosa e infecção por fungos são problemas comum às dentaduras.

 

 

Um pouco sobre as doenças relacionados às dentaduras antigas e mal adaptadas.

 

Dentaduras trazem limitações que, por si só, são causas para diversos problemas de saúde. Próteses antigas e mal adaptadas, por sua vez, só fazem aumentar os riscos e incidências dessas doenças. É por isso que é tão importante conhecê-las: o conhecimento delas é a melhor proteção para que não apareçam surpresas desagradáveis.

 

• úlceras gástricas

A dificuldade na trituração dos alimentos, embora não seja exclusividade apenas das dentaduras mal adaptadas, provoca a ingestão de porções muito volumosas. Com o tempo, o estômago começa a sofrer traumas em sua mucosa, dando origem a úlceras gástricas.

 

• anemia

A restrição a alimentos ricos em proteínas e vitaminas, como carnes, verduras e legumes crus, é parte da vida dos portadores de dentaduras. Acrescente ao problema a progressiva deficiência em absorver proteínas e vitaminas que acompanham o envelhecimento e tem-se um prato cheio para a instalação da anemia. É, sem dúvidas, um dos problemas mais comuns em idosos portadores de dentaduras.

 

• diabete

A diabete entra na vida do portador de dentaduras pelas portas do fundo. Isso porque, com o tempo, a dificuldade de trituração, instabilidade da prótese total e dores durante a mastigação favorecem a escolha por uma dieta mais pastosa e calórica. Em outras palavras: massas, doces e carboidratos simples, alimentos que, consumidos em excessivo, trazem o risco da diabete na vida dos portadores de dentaduras.

 

• ronco e apnéia

A perda do tônus dos músculos e estruturas das vias respiratórias que acompanham o envelhecimento são, por si só, motivo para o aparecimento do ronco e apnéia noturna. E algumas pesquisas odontológicas são enfáticas ao apontar a dentadura como fator multiplicados dos riscos desses problemas apareceram. Um problema maior do que parecer dada a diminuição da qualidade de vida nos indivíduos portadores desses distúrbios do sono.

 

• câncer bucal

O câncer bucal foi, por muito tempo, a quinta localização mais comum das neoplasias, em brasileiros. E essa alta incidência tinha relação direta com as dentaduras mal adaptadas e antigas. É que os movimentos de desadaptação dessas próteses provocam traumas sobre tecidos orais muito sensíveis: a mucosa oral. É bom não se esquecer também de que o consumo de tabaco e álcool aumentam a incidência do câncer bucal.

 

dentadura candidíase
Dentadura e mucosa do palata infectada por fungos (candida albicans, candidíase)

 

 

Como o envelhecimento dificulta o uso da prótese total.

 

O envelhecimento traz alterações corporais importantes que requerem diversas adaptações no dia-a-dia que garantam uma vida confortável. Na cavidade oral, por exemplo, gengivas e mucosas tornam-se mais finas e frágeis, rompendo-se frequentemente em contato com a base das dentaduras, enquanto a diminuição do fluxo salivar impede o selamento responsável pela sucção de retenção da prótese. O resultado são próteses frouxas e que cortam as gengivas e mucosas durante a mastigação.

 

• fragilidade da gengiva à compressão da dentadura

Com o passar dos anos, mucosas e gengivas vão ficando mais delicadas e sujeitas a cortes e sangramentos. Alguns idosos simplesmente desistem do uso das dentaduras porque a mastigação de determinados alimentos sem o uso de próteses é mais eficiente do que com o seu uso, dado o quadro de dor que acompanha a mastigação com dentaduras sobre mucosas e gengivas fragilizadas.

 

• diminuição do fluxo salivar (xerostomia)

O envelhecimento é acompanhado pela diminuição do fluxo de saliva para a maioria dos indivíduos. O que é um problema, já ela é ajuda na prevenção de cáries dentárias, protege mucosas e gengivas do trauma da base da dentadura e ainda auxilia no fechamento hermético necessário para a retenção da prótese total à arcada superior do paciente.

 

• perda do tônus e força dos músculos da mastigação

A força de mastigação em pacientes jovens portadores de dentaduras pode ser até 90% menores do que em indivíduos com todos os dentes presentes em boca. É enorme a perda de eficiência do corte e trituração de alimentos. E, como o envelhecimento traz junto a perda de força muscular e tônus, a prótese total fica impossibilitada de uso para a alimentação. Mais um dos problemas do uso de dentaduras em pacientes idosos responsável pelo aparecimento de doenças como a diabete e a anemia.

 

• reabsorção óssea progressiva

A reabsorção do osso no local das perdas dentárias são progressivas e acompanham toda a vida dos indivíduos. E, num mecanismo comprovado por pesquisas científicas, a dentadura desadaptada acelera o problema.

 

dentadura pouco osso
Tomografia mostrando extensa área de reabsorção e perda do osso maxilar: dentaduras no centro da velocidade do processo.

 

Dentaduras frouxas ou que machucam: procedimentos comuns na solução do problema.

 

Dores, cortes e sangramentos, dificuldade para mastigação e e deglutição estão entre os principais relatos dos portadores de dentaduras. Depois de um tempo, qualquer alimento mais duro ou mordido de forma equivocada colabora para o aparecimento de gengivas machucadas e próteses cada vez mais frouxas. E quais serão os procedimentos para resolver os principais problemas com dentaduras? Vejamos alguns deles:

 

• substituição da dentadura

É a forma mais eficiente para resolver, se não todos, a maioria dos problemas de falta de estabilidade e dificuldade de mastigação. A nova readaptação da base da dentadura às gengivas e mucosas permite estabilidade, maior qualidade de mastigação e diminuição da velocidade de reabsorção óssea.

 

• reembasamento acrílico

Embora comum, o reembasamento acrílico não é aconselhável para dentaduras com dentes desgastados. Outra dica é refazer as bordas da dentadura, durante o reembasamento, para que a retenção hidrostática da prótese traga retenção e conforto durante a mastigação.

 

• substituição de dentes da dentadura

Procedimento muito popular e incorretamente indicado na maioria das vezes. A única situação que indica a substituição de dentes em dentaduras antigas e desgastadas é a dificuldade de mastigação e adaptação em próteses recém confeccionadas. A troca de dentes em dentaduras antigas (com 4 ou mais anos) favorece a velocidade de reabsorção óssea, dificultando ou até mesmo impossibilitando o uso futuro da prótese total.

 

• confecção de novas bordas

A dica para a confecção de novas bordas em dentaduras é a mesma para a substituição de dentes em próteses totais: só podem ser realizadas em dentaduras recém construídas. O exemplo para a confecção de novas bordas em dentaduras são próteses recém instaladas que estão frouxas ou que provocam dores  junto às mucosas orais.

 

 

Durabilidade em dentaduras. Porque precisamos trocá-las a cada 4 anos.

 

Dentaduras tem durabilidade, sim. Quase um prazo de validade. E o que determina a hora para substituí-las não são os desgastes dos dentes ou a falta de estabilidade da prótese total: é a reabsorção progressiva do osso quem determina o momento certo para confeccionar uma nova prótese. E, para a maioria das pessoas, esse tempo é de 4 anos.

 

A reabsorção óssea progressiva que acompanham o indivíduo desdentado por toda a vida influencia na durabilidade das dentaduras. À medida que o osso vai sendo reabsorvido, a gengiva e mucosas localizada entre osso reabsorvido e base da prótese vai ficando cada vez mais espessa (hiperplasiada), compensando parcialmente a perda óssea progressiva. E é fácil o diagnóstico do problema: dentaduras que, embora com boa retenção, deslocam-se sobre o osso maxilar do paciente.

 

 

Dicas de uso  no dia-a-dia que melhoram a vida dos portadores de dentaduras.

 

• descansando a mucosa e a gengiva: dormindo sem dentaduras.

a mucosa e a gengiva precisam de descanso após períodos superiores a 12 horas de uso ininterrupto da dentadura. Acrescentar o hábito de desuso noturno da prótese total traz mais conforto e eficiência para o uso da dentadura no dia-a-dia. Um dica simples, pouco lembrada e que melhora a qualidade de vida do paciente.

 

• utilize escovas macias para a limpeza da prótese

A higienização diária da dentadura é indispensável para que não ocorram contaminação por fungos ou retenção de tártaro. E na hora da limpeza da prótese, utilize somente escovas com cerdas macias para não remover o brilho e provocar riscos no acrílico da dentadura – isso facilita a pigmentação e acúmulo de fungos e bactérias.

 

• corte os alimentos em pedaços pequenos para evitar cortes e problemas gástricos.

Cortar os alimentos mais duros e fibrosos em pequeno pedaços evita o excesso de força sobre a dentadura durante a mastigação. O excesso de força sobre a prótese total pode traumatizar a mucosa e gengiva que suportam o dispositivo protético, propiciando o acúmulo da bactérias e fungos (candida albicans).

 

• substitua as dentaduras a cada 4 anos

Nunca é demais ressaltar a necessidade de substituição das dentaduras a cada 4 anos, ou menos, para diminuir a velocidade de progressão da reabsorção óssea e melhorar a qualidade e conforto da mastigação.

 

dentaduras dicas
Como nos desenhos animados: remova a dentadura ao dormir para garantir mais conforto de uso no dia seguinte.

 

 

A cirurgia das gengivas frouxas e hiperplasiadas é essencial.

 

O uso de dentaduras por períodos superiores a 4 anos frequentemente provocam a hiperplasia (crescimento) da gengiva e mucosa localizada entre o osso e a base da próteses. Dores durante a mastigação e o acúmulo de fungos, que deixam as gengivas avermelhadas, inchadas e sensíveis, são comuns na situação. A remoção cirúrgica  da gengiva hiperplasiada pode ser necessária antes do início da confecção de nova dentadura, garantindo próteses mais estáveis e confortáveis durante a mastigação.

 

 

Dentadura flexível ou com silicone: técnicas antigas e apenas para uso provisório.

 

O uso de dentaduras com a base interna revestida por silicone resiliente é indicado apenas para uso temporário, propiciando conforto às gengivas e mucosas após as cirurgias para instalação de implantes ou recorte de gengiva hiperplasiada. Passado o período de cicatrização – que pode durar até 4 meses para as cirurgias para instalação de implantes dentários -,  a base flexível precisa ser reembasada com resina acrílica.

 

 

Quando o preço do tratamento com dentaduras importa, algumas precauções precisam ser tomadas.

 

Em saúde, as pessoas sensíveis ao preço dos tratamentos odontológicos escolhem com mais cautela o dentista e o tipo de prótese. Para elas, uma pequena diferença no valor dos procedimentos pode ser o motivo de escolhas. De fato, os serviços em saúde trazem dificuldades de interpretação do real valor associado ao preço proposto pelo tratamento. E, como se não bastassem, ainda tem que optar por uma entre diversas técnicas para procedimentos com próteses dentárias – uma situação propensa para escolhas erradas.

 

É claro que o melhor tratamento para portadores de dentaduras é a técnica com implantes dentários ósseo-integrados. Mas quando o preço desses procedimentos são proibitivos, a atenção à confecção de novas dentaduras é essencial para melhorar a saúde e conforto desses pacientes. E, apenas para as situações emergenciais, os procedimentos de reembasamento e reconstrução de dentes e bordas protéticas devem ser levados em consideração.

 

 

Novas técnicas e tratamentos com dentaduras.

 

A odontologia possui diversas especialidades odontológicas, e cada uma técnicas específicas e que vêm apresentando progressos consistentes ao longo dos anos. A especialidade de prótese dentária é uma delas, e a introdução de novos materiais para próteses com porcelanas e implantes dentários é uma rotina no dia-a-dia dos profissionais. E, embora a dentadura seja uma prática ainda comum nos consultórios, quase nenhuma novidade – isso pra não dizer, em absoluto, nenhuma! – tem sido apresentada no mercado. Um problema impensável e muitp preocupante.

 

 

O tratamento que substitui dentaduras por próteses fixas sobre implantes é simples e seguro.

 

Sabemos que os custos envolvidos nos tratamentos com implantes dentários são elevados. Exames tomográficos, o período de cicatrização óssea e a própria cirurgia também implicam na situação. Entretanto, o grande impacto na melhora da qualidade e expectativa de vida dos indivíduos fazem desses contratempos problemas menores. São expressivos resultados dos tratamentos com implantes dentários. Os relatos sobre a substituição das dentaduras por próteses sobre implantes são sempre positivos e encorajadores.

 

O tratamento com implantes dentários ainda está envolto por muitas ideias que não correspondem à eficácia e simplicidade da técnica. E, quando sabemos que a progressiva perda óssea é o principal fator complicador do procedimento, vemos que realizá-lo o quanto antes implica em uma vida mais saudável, equilibrada e feliz. Substituir a dentadura por implantes dentários vale muito a pena.

 

Saiba um pouco mais sobre esse assunto:

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