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Luis Gustavo Morato Leite

Gengivite e periodontite relacionadas a diabetes e doenças cardiovasculares.


Um alerta para a perigosa relação entre gengivite e periodontite com a diabetes e doenças cardíacas, como prevenir e como diagnosticar. 

 

por Luís Gustavo Morato Leite, dentista especializado em próteses dentárias pela UFRGS, em Porto Alegre

 

 

A gengivite e a periodontite são doenças da cavidade bucal que infelizmente está presente um número muito elevado de indivíduos. Existem relações já muito detalhadas pela ciência médica mostrando os efeitos das inflamações decorrentes das doenças gengivas no percurso da diabetes e doenças cardiovasculares. Esse artigo resume essas importantes e não raras relações.

 

 

A doença gengival.

 

A principal causa para o aparecimento das doença gengiva, e também podemos chamá-la de gengivite, é o acumulo de placa bacteriana sobre os dentes e, principalmente, a parte dessa placa que entra em contato com a gengiva. Quando esse contato ocorre pode haver o início de um processo inflamatório nessa parte da gengiva. Ao exame em casa o paciente pode notar que essa gengiva está inchada, com alteração de cor, e pode estar ocorrendo sangramento espontâneo ou ao toque de alimentos ou o próprio dedo durante esse exame.

 

Existem, além disso, outras causas para o aparecimento de gengivites, como as alterações hormonais durante a menopausa e a gravidez, uso de tabaco, diabetes, para ficarmos aqui entre outros fatores relevantes.

 

 

A doença peridontal.

 

A doença periodontal ( periodontite ) pode ser entendida, de uma maneira mais simplificada, como a continuação dos efeitos inflamatórios presentes na gengivite, aonde essa inflamação vai agir mais profundamente e afetar as partes que fazem o suporte do seu dentes – principalmente o osso que sustenta das maxilas que sustentam os nossos dentes. Apesar da doença periodontal possuir agentes e algumas características diferentes da doença gengival, você pode, para facilitar a compreensão, entendê-la como a continuação da doença gengival agindo de forma mais profunda e danosa a sua saúde em geral e aos seus próprios dentes – podendo, com muita frequência,  ocasionar a perda dos mesmos.

Esquema simbólico de avanço de doença periodontal.

Quem está mais em risco?

 

As pessoas que tem uma higiene oral deficiente – aquelas que, independente do número de vezes que realiza a escovação, do tempo ou dos apetrechos de higienização utilizados, não removem de forma satisfatória a placa bacteriana, são potenciais candidatas a desenvolverem gengivites.

 

Além disso, os diabetes, idosos, fumantes, gestantes e pacientes que estão com o sistema imunológico deprimido tem maior propensão a desenvolver a gengivite. Essas causas, é importante salientar, também dependem da presença de placa bacteriana para se desenvolver. O que acontece é que uma pequena quantidade de placa bacteriana nesses pacientes produzem processos inflamatórios maiores quando comparados a pacientes sem essas predisposições.

 

 

Gengivite e periodontite são doenças genéticas?

 

Existem algumas predisposições genéticas que intensificam, de forma leve a moderada ou, em alguns casos, a grandes efeitos destrutivos, mediante a mínima presença de placa bacteriana.

 

Entretanto, ao contrário da crença popular que afirma que os seus problemas de saúde gengivais ou periodontais – ou mesmo a doença cáries – sejam “de família”, muito raramente encontramos os marcadores genéticos que estão relacionados aos problemas de saúde orais apresentados pelos pacientes.

 

O que acontece é que não é a genética a grande responsável pelos padrões de aparecimento de cáries ou mesmo a perda de dentes por doenças periodontais, mas sim – e esse, sim, com grande frequência – os hábitos de alimentação e escovação, já que normalmente os membros de uma família possuem esses hábitos em comum.

 

 

A doença periodontal e a diabetes.

 

O diabetes é uma doença que se caracteriza pele não produção ou pelo uso inadequado de insulina. Aproximadamente um terço dos adultos e crianças que têm diabetes, nos Estados Unidos, também têm doença periodontal. As pequisas mais recentes já consideram a própria periodontite uma complicação natural do diabetes.

 

A avaliação do estado periodontal dos pacientes diabéticos e a formulação de um plano de tratamento específico para esse paciente leva em consideração o grau de controle metabólico da doença, duração, presença de complicações de longo prazo e também alguns fatores simultâneos de riscos, além do próprio nível geral de bem-estar desses pacientes.

 

Os pacientes diabéticos necessitam reduzir a presença de bactérias e eliminar a placa bacteriana que possa estar em contato com a gengiva, o que pode ser realizado com tratamentos dentários simples como profilaxias profissionais e as raspagens tradicionais e os procedimentos que visam a facilitar a remoção dessa placa ( alterações anatômicas de raízes, confecção de novas próteses com facilidade de acesso aos pontos retentivos de placa bacteriana e alimentos ), complementares aos cuidados que o paciente deve ter em sua casa.

 

O tratamento resume-se na prevenção de doenças periodontais e inflamação bucal, cujo controle é essencial no casos de complicações associadas ao diabetes. Mesmo entre diabéticos que possuem excelente controle da doença, os cuidados adicionais de controle da doença gengival – como uso regular de fio dental – devem ser estimulados, além de uma programação de consultas frequentes ao seu dentista.

 

Gengivite e periodontite e a relação com a diabetes.
A gengivite e a periodontite são causas de doenças cardiovasculares como infartos.

A periodontite e as complicações cardiovasculares.

 

As doenças cardiovasculares são as que afetam o coração e os vasos sanguíneos, sendo ainda a primeira causa, no Brasil, de morte e invalidez. Quando detectadas, a causa subjacente (aterosclerose) já está em estágio bastante avançado. A prevenção por meio do controle dos fatores de risco, como uma alimentação saudável e o não-tabagismo, é importantíssima.

 

As pequisas recentes apontam a periodontite como uma doença que pode estar associada ao desenvolvimento de doença cardiovascular. Como ? As proteínas inflamatórias e as bactérias presentes no tecido periodontal penetram na corrente sanguínea, ocasionando diversos efeitos no sistema cardiovascular. Essas pesquisas concluíram que o aumento do nível de espessamento das paredes dos vasos sanguíneos estava associada à presença das mesmas bactérias encontradas na doença periodontal. Visto de outra forma, a presença desse espessamento – esclerose vascular que pode ocasionar a interrupção do fluxo sanguíneo ( enfarto ) está relacionado com a presença de doença periodontal, em um mesmo paciente.

 

Saiba mais sobre saúde gengival:

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