Prótese dentária e mau hálito: 7 mitos e verdades esclarecem o problema.
A prótese dentária pode, sim, ser a causa para o mau hálito. Conheça 7 mitos e verdades que vão ajudar você a esclarecer as causas e o tratamento da halitose, este problema mais comum do que se imagina e que pode estar associada desde a coroa em porcelana e dentaduras aos implantes dentários.
Luís Gustavo Leite é dentista especialista em próteses dentárias e especialista em periodontia (gengivas), ambas pela UFRGS, em Porto Alegre.
Nenhum problema que tem a cavidade bucal como origem traz tanto constrangimento quanto o mau hálito. E motivos para tamanha preocupação como o dor desagradável e persistente que sai da boca ao falar tem lá seus motivos. É que, além de raramente ser percebido por quem tem a condição, a halitose, nome correto para a disfunção, pode até mesmo estar por trás da insegurança e perda da autoestima nos contatos sociais e de trabalho.
O mau hálito atinge quase 40% da população brasileira e, ao contrário do que se imagina, o estômago é a causa menos frequente – menos de 10% dos casos tem origem gástrica. E, para complicar ainda mais, os portadores de próteses dentárias tem ainda mais chances de apresentar a halitose.
Muito já foi falado sobre a prótese dentária como causa para o mau hálito. Mas nada melhor para reforçar e ajudar a memorizar as informações essenciais sobre esta disfunção do que conhecer alguns mitos e verdades sobre este problema tão comum e tão devastador emocionalmente para quem sofre com a situação.
1. Alergia ao metal de próteses dentária pode ser a causa para o mau hálito. (verdade).
Aproximadamente 20% das mulheres das mulheres, segundo uma pesquisa científica realizada na Europa, são alérgicas ao metal utilizado em próteses dentárias. Este problema, quase sempre restrito à coroa dentária em porcelana sobre metal, provoca inflamações gengivais cujos sinais e sintomas mais comuns são o sangramento gengival e o inchaço que, quando não tratados, podem causar a retração das gengivas.
Assim como a gengivite e a periodontite, duas infecções gengivais causadas pela higiene oral deficiente, o inchaço das gengivas decorrente da alergia ao metal de próteses dentárias facilita o acúmulo de placa bacteriana e aparecimento da halitose – além dos fluidos gengivais inflamatórios comuns que são continuamente secretados na cavidade oral e que também podem ser a fonte do mau odor ao falar.
2. Toda prótese dentária removível, como dentaduras e ponte móvel, causa mau hálito. (mito)
A ideia de que o acrílico utilizado na confecção de dentaduras e prótese dentária removível sempre provoca a halitose não é fácil. O problema, na verdade, é quando o material é confeccionado de forma adequada, com frestas ou poros que dificultam a higienização, ou quando a superfície não é diariamente limpa e escovada após o seu uso. E quando isto acontece, problemas como o acúmulo de fungos, que podem causar infecções fúngicas como a candidíase oral, também podem estar associados ao odor desagradável notado ao falar.
3. Prótese dentária em porcelana traz riscos menores à halitose. (verdade).
Atualmente, todas as próteses dentárias fixas de até 3 ou 4 dentes instaladas sobre dentes naturais ou implantes dentários são confeccionadas em porcelanas. De fato, os tipos feitos em porcelana trazem menores riscos para que a halitose tenha como causa o material utilizado. O problema, com relação a isto, são mesmo as versões feitas com acrílico, comuns nas dentaduras fixas do tipo protocolo ou removíveis como as dentaduras e a ponte dentária móvel.
4. Somente próteses dentárias antigas podem causar o mau hálito. (mito)
Prótese dentária novas, mesmo os tipos mais modernos que utilizam a zircônia ou são confeccionadas em porcelana pura, podem estar por trás da halitose. E por trás disto estão os dispositivos mal adaptados aos dentes ou implantes dentários ou confeccionados com contato inadequado junto aos dentes e gengivas e a higienização oral deficiente ou não explicada pelo dentista para remover adequadamente a placa bacteriana – e que podem causar doenças como a gengivite, uma infecção gengival associada à higiene oral precária e que pode aparecer em poucos meses.
5. Higiene oral deficiente é a causa mais comum para o mau hálito junto à prótese dentária. (verdade)
Independente do tipo de prótese dentária utilizada, muitas delas, devido às sequelas já presentes como perdas ósseas ou a retração de gengiva, naturalmente facilitam o acúmulo de placa bacteriana. Apesar disto, nada justifica a higiene oral deficiente junto a estes dispositivos, mesmo que isto signifique o uso de instrumentos especiais além da escova de dente e do fio dental. Não à toa, a escovação e limpeza deficiente da prótese dentária ainda é a principal causa para a o mau hálito.
6. O tratamento da mau hálito por prótese dentária exige trocar o dispositivo protético. (mito)
Nem sempre o tratamento do mau hálito causado por prótese dentária exige a troca do dispositivo protético. É o caso, por exemplo, dos indivíduos cuja higiene oral em áreas com dispositivos protéticos exigem instrumentos e técnicas especiais para remoção da placa bacteriana.
Outra situação comum em que o tratamento do mau hálito não requer a troca da prótese dentária é quando formam-se espaços, por exemplo, entre a coroa de porcelana e o dente lateral a ela. Nestes casos, a restauração em resina do dente natural pode ajudar na redução do acúmulo de restos de alimentos e placa de bacteriana – que podem ser complicados para remover após as refeições rápidas ou durante o almoço feitos longe de casa.
7. Prótese sobre implante dentário tem mais chances de causar o mau hálito. (mito)
As prótese dentárias quando confeccionadas de forma correta sobre implantes dentários não causam mau hálito. Mas para isto, é preciso que ela esteja bem adaptada, que seu formato seja o mais próximo possível ao dente natural e que as gengivas em contato com o dispositivo protético possuam arquitetura anatômica estética e funcional – fáceis de limpar e com baixo risco para acúmulo de alimentos e placa bacteriana.
Já com relação às dentaduras fixas do tipo prótese dentária protocolo, que são os dispositivos utilizados em indivíduos que perderam todos os dentes, é preciso atenção mais do que redobrada com relação aos riscos para o mau hálito. Além de mais difíceis para higienizar, o uso de resinas compostas, material com preço mais em conta, em contato com as gengivas costuma aumentar as chances para adesão de placa bacteriana e restos de alimentos.
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