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Luis Gustavo Morato Leite

Retração gengival: cirurgia sem enxerto de gengiva é alternativa simples.


A retração gengival pode ser recuperada por cirurgia sem enxerto de gengiva. Veja as indicações, vantagens, cicatrização da gengiva, pós-operatório e outras informações sobre esta técnica simples e eficiente para recobrir raízes dentárias expostas.

 

Luís Gustavo Leite é dentista especialista em gengivas (periodontista) e próteses dentárias, ambas pela UFRGS, em Porto Alegre.

 

 

Retração, quais as causas para isto?

 

O aumento nas consultas para tratamento da retração gengival não é um fenômeno recente. Afinal, além de muito comum, os danos estéticos ao sorriso e o receio para que esta condição progrida indefinidamente até a perda dos dentes acabam por justificar as noites mal dormidas relatadas por muitos destes pacientes.

 

A retração gengival, para quem não sabe, é a exposição da raiz dentária que aparece após a migração das gengivas. Ela tem muitas causas. As mais comuns, e que respondem por mais de 90% dos casos, são a periodontite, uma inflamação causada pela higiene ora precária, e o excesso de pressão das cerdas das escovas dentárias contra as gengivas. 

 

Mas existem outras causas para o aparecimento de gengivas retraídas além da periodontite e do uso inadequado da escova de dente. Veja as mais comuns:

 

periodontite (infecção causada por higiene oral precária);

trauma de escovação;

tratamento ortodôntico inadequado;

vírus e fungos;

alergias.

 

 

O tratamento não cirúrgico da retração gengival.

 

O tratamento da retração gengival pode, para ficar fácil para entender, ser divido em duas etapas. A primeira, e mais importante, é a que faz o diagnóstico e remove as causas para a recessão gengival. É nela, por exemplo, que acontecem as raspagem para remoção da placa bacteriana e tártaro causadores da gengivite e periodontite. 

 

Ainda nesta primeira etapa do tratamento são passadas ao paciente instruções para limpar corretamente as gengivas – como a escolha dos instrumentos corretos para higienização oral.

 

Embora, muitas vezes, sejam necessárias pequenas cirurgias para remover as bactérias presentes em áreas muito profundas, ou ainda quando as gengivas não recuperam a saúde após a raspagem simples, esta etapa pode ser entendida como o tratamento não cirúrgico da retração gengival.

 

 

O tratamento cirúrgico da retração gengival.

 

A segunda etapa do tratamento da retração da gengiva é considerada a fase cirúrgica. Nem sempre necessária, ela é utilizada para recobrir a raiz dentária exposta. E para isto, duas técnicas de cirurgias para reposicionar as bordas das gengivas são utilizadas. Uma simples, realizada apenas com recortes e suturas, e outra mais complexa, que requer enxertos gengivais.

 

A seleção do enxerto de gengiva no tratamento reparador da retração gengival é feita pelo periodontista. É baseado nos resultados do tratamento da primeira etapa, nos exames por imagem e nas características anatômicas locais que esta opção é realizada, cujo objetivo é oferecer ao paciente um procedimento que seja ao mesmo tempo simples, durável e com resultados previsíveis.

 

 

A cirurgia para retração gengival sem enxerto de gengiva.

 

A cirurgia sem enxerto gengival para recobrimento de raiz dentária exposta é realizada apenas com o recorte e reposicionamento das bordas das gengivas. Podendo ser realizada em um ou mais dentes, é um procedimento rápido e com resultados efetivos quando feita sob técnica e indicações corretas.

 

Para ser efetiva, a cirurgia sem enxerto exige condições favoráveis à sua realização. Entre os pré-requisitos para esta técnica estão a presença de gengivas saudáveis, com faixas de tecidos do tipo ceratinizado (mais resistente), dentes moderadamente alinhados e distância considerável dos freios labiais.

 

 

As vantagens da cirurgia sem enxerto de gengiva.

 

A cirurgia sem enxerto gengival, dada a sua simplicidade, é sempre a primeira no tratamento reparador da retração gengival. Atualmente, diversos tipos de enxerto de gengivas estão disponíveis como alternativa ao material de origem natural, coletado do próprio paciente durante o procedimento cirúrgico – o que contribui para um pós-operatório mais simples.

 

Veja as vantagens da cirurgia sem enxerto de gengiva para recuperar gengivas retraídas:

 

cuidados pós-operatórios mais simples;

recuperação mais rápida;

menor desconforto doloroso;

menor risco para complicações pós-operatórias;

alta efetividade e durabilidade dos resultados.

 

 

Cicatrização das gengivas, recuperação e pós-operatório.

 

Como todo procedimento cirúrgico, a técnica sem enxerto de gengiva traz pós-operatório, recuperação e cicatrização gengival característicos da técnica. Veja algumas informações importantes para saber antes de iniciar o tratamento – e evitar contratempos na sua agenda:

 

Cicatrização das gengivas

Influenciada diretamente pela extensão da cirurgia, a cicatrização das gengivas acontece em estágios. Nos primeiros 3 dias passados do procedimento, as gengivas atingem o seu auge de inchaço e vermelhidão. Entre o sétimo e décimo dia que elas iniciam a normalização da cor e volume, ainda, entretanto, com leve edema perceptível. Mas é somente a partir do trigésimo dia que elas adquirem as características normais das gengivas.

 

Recuperação

A recuperação da cirurgia para retração gengival costuma exigir alguns dias livres de atividades sociais e de trabalho. Relatada pela maioria dos pacientes como um procedimento que não dói, ela exige o uso de analgésicos simples nos dois primeiros dias. 

 

Pós-operatório

O pós-operatório da cirurgia para retração gengival sem enxerto de gengiva exige cuidados intensos. Nos primeiros 7 dias, é proibida a prática de exercícios físicos, bem como o uso de fio dental e escova de dente sobre a área operada – bochechos com agentes químicos deplacantes garantem a saúde e higiene durante este período. 

 

Antibióticos podem ser administrados, e o uso de analgésicos leves são necessários nos dois primeiros dias. A partir do sétimo dia, a prática de exercícios físicos já pode ser retomada. Já a remoção dos pontos de sutura ocorre a partir do décimo dia passados da cirurgia.

 

 

A retração gengival pode voltar após a cirurgia?

 

O receio de que as gengivas voltem a retrair após a cirurgia para retração gengival é comum a todos os pacientes. Afinal, além dos cuidados intensos que precisam ser tomados durante o pós-operatório, ninguém quer vê-las retraindo com o passar dos anos.

 

Quando a cirurgia para reposicionamento de gengivas retraídas é feita respeitando as indicações e limitações da técnica, os resultados são, sim, estáveis ao longo dos anos. Mas para que isto aconteça, além do dentista realizar corretamente a técnica cirúrgica, é preciso manter a higiene oral diária e as consultas periódicas ao periodontista.

 

 

Enxerto gengival: quando e por que ele é necessário.

 

O enxerto gengival é utilizado no tratamento de vários tipo de defeitos da arquitetura das gengivas. Suas principais finalidades são aumentar o volume das gengivas e garantir a estabilidade final da cirurgia quando esta é duvidosa. Já as indicações mais comuns são a reconstrução dos tecidos junto a implantes dentários e a recuperação de gengivas retraídas.

 

No tratamento reparador da retração gengival, o enxerto é utilizado quando uma ou mais condições locais são desfavoráveis para a estabilidade dos resultados ao longo dos anos. Veja as condições que costumam exigir seu uso:

 

gengivas finas e delicadas

retração gengival extensa

dentes mal posicionados

ausência de gengivas ceratinizadas (mais resistentes).

 

 

Outras alternativas no tratamento da retração gengival.

 

Diversos são os motivos que contraindicam a plástica gengival no tratamento das gengivas retraídas. Veja as alternativas para tratar a sensibilidade dolorosa, proteger as raízes dentárias expostas e recuperar a estética do sorriso.

 

Não fazer nada

A retração das gengivas não exige, obrigatoriamente, tratamentos com cirurgia gengival. Pelo contrário, na grande maioria dos casos ela pode ser controlada, sem riscos para progressão. Atualmente, os danos estéticos ao sorriso continuam como os principais motivos para este procedimento cirúrgico tão delicado.

 

Dessensibilização

A dor e sensibilidade aumentada ao ingerir alimentos frios e ácidos costumam acompanhar a retração das gengivas. E para eliminá-la, a aplicação de agentes dessensibilizastes, feita no consultório do dentista, podem ser o único tratamento necessário – além da adoção de técnicas e instrumentos de higienização apropriados.

 

Restauração em resina

O recobrimento das raízes dentárias expostas através de restauração dentária em resina pode ser utilizado por vários motivos. Além de proteger as raízes dentárias contra os desgastes provocados pela escova de dente, ela também é indicada para amenizar os danos estéticos ao sorriso, eliminar a sensibilidade aumentada ou ainda para diminuir a retentividade de restos de alimentos e placa bacteriana.

 

Faceta de porcelana ou resina

Utilizadas nas transformações de impacto do sorriso, as facetas de porcelana e resina são alternativas no recobrimento de raízes dentárias expostas. A principal indicação para elas é mesmo quando o tratamento com faceta dentária laminada já faz parte de um tratamento estético maior.

 

 

Prevenção da retração gengival.

 

Prevenir o aparecimento e a progressão da retração gengival é fácil e exige cuidados simples. Independente da causa, como a periodontite ou a escovação com excesso de força, as medidas de prevenção são as mesmas. Veja o que fazer – e saber – para evitar o aparecimento das gengivas retraídas:

 

✓ higienização oral diária, várias vezes ao dia;

✓ uso de técnica efetiva de escovação efetiva, que não provoque traumas às gengivas;

✓ uso dos instrumentos especiais de limpeza quando recomendados pelo dentista, como a escova interdental e a 

✓ consulta periódica ao dentista;

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