BLOG

Luis Gustavo Morato Leite

Retração gengival pode, sim, contribuir para o mau hálito.

retração gengival e mau hálito halitose blog post

A retração gengival pode até mesmo ser a causa para o mau hálito, a halitose. Conheça como isto acontece e o tratamento da halitose em indivíduos com gengiva retraída.

 

Luís Gustavo Leite é dentista especialista em próteses dentárias e periodontia, ambas pela UFRGS, em Porto Alegre.

 

 

 

Retração gengival, um problema que vai além dos danos estéticos ao sorriso.

 

Os danos estéticos ao sorriso proveniente da retração gengival já são um dos principais motivos para consultas ao dentista. As principais causas para este problema são a periodontite, uma doença infecciosa que destrói o osso ao redor das raízes dentárias, e o excesso de força (pressão) das cerdas das escovas dentárias contra as gengivas durante a escovação dos dentes. Atuando de forma isolada ou simultânea, estas duas situações riscos aos dentes muito além dos defeitos estéticos associados.

 

A retração gengival, em si, é apenas uma sequela do colapso das estruturas periodontais que sustentam as raízes dentárias. Quando as causas deste problema não são identificadas e tratadas a tempo, há o risco para a evolução da condição para a mobilidade dentária e perda dos dentes. Por outro lado, gengivas retraídas trazem consigo situações que podem favorecer o aparecimento de outros problemas odontológico, como o mau hálito. Veja os problemas associados ao aparecimento de gengivas retraídas:

 

  danos estéticos ao sorriso;

 

  sensibilidade dentária (desgastes das raízes dentárias);

 

  dificuldade para remoção da placa bacteriana (gengivite e periodontite);

 

  facilita o trauma das gengivas durante a escovação;

 

  mau hálito.

 

recessão gengival
A retração ou recessão gengival: a exposição das raízes dentárias atua como fator retentivo de placa bacteriana.

 

 

A halitose, quando originada na cavidade oral.

A halitose atinge 25% dos pacientes acima dos 65 anos e, na maioria das vezes, o indivíduo atingido pela condição não sabe que tem o problema – uma situação desagradável e motivo para constrangimento social. Ao contrário do que se imagina, o mau hálito raramente tem origem no estômago. Em quase todos os casos, a origem dos odores desagradáveis ao falar ou respirar originam-se no trato respiratório ou na cavidade oral – diabetes melitus e cirrose hepática também são causas frequentes.

 

O diagnóstico da halitose proveniente da cavidade oral é realizado após exames dos dentes, gengivas, língua e mucosas. Próteses dentárias fixas e restaurações dentárias mal adaptadas também podem estar na origem do problema, já que a placa bacteriana acumulada sobre estas estruturas é uma das principais fontes para o mau odor bucal – entre outras condições que facilitam a adesão e acúmulo deste agregado bacteriano responsável pela cárie e doenças gengivais está a recessão gengival.

 

retração gengival inflamação da gengiva
Inflamações gengivais em áreas com recessão são comuns e fontes geradores de halitose.

 

 

A retração gengival como causa para o mau hálito.

 

A retração da gengiva contribui para o aparecimento ou intensificação do mau hálito de duas formas. Na primeira, é o próprio odor desagradável proveniente da placa bacteriana acumulada nas gengivas e raízes dentárias expostas. Na outra, são as secreções gengivais decorrente das inflamações causadas pelo mesmo agregado bacteriana.

 

Quando o mau hálito é diagnosticado com proveniente das áreas com gengivas retraídas, o tratamento tem como objetivo a remoção da placa bacteriana e criação de condições favoráveis para a sua remoção. Existem vários procedimentos para atuar de forma resolutiva e preventiva tanto na condicão recessiva das gengivas quanto na forma de odores desagradáveis provenientes da cavidade oral. Veja os principais procedimentos utilizados neste tipo de mau hálito:

 

tratamento periodontal;

 

  restauração dentária em resina ou porcelana;

 

  recobrimento cirúrgico (cirurgia plástica gengival);

 

  instruções de higiene oral personalizadas às áreas problemáticas;

 

  utilização de instrumentos de higiene oral mais eficientes e menos traumáticos às gengivas;

 

sangramento gengival mau hálito e halitose
O sangramento gengival, um sinal clínico da gengivite ou periodontite, também provoca mau hálito.

 

 

Recuperando gengivas retraídas.

 

Os danos estéticos provocados pela retração gengival ainda são os principais motivos para busca por tratamentos odontológivos. Além da mensuração da recessão das gengivas e adoção de novas técnicas de higienização oral, procedimentos para recuperação de gengivas retraídas podem ser necessários para eliminar problemas como a sensibilidade dentinária e formação de cavidades profundas sobre as raízes dentárias.

 

As duas principais técnicas para recuperar gengivas retraídas são a cirurgia plástica gengival para recobrimento de raiz dentária exposta ou a proteção direta desta através de restaurações dentárias em resina. A que oferece resultados estéticos e funcionais mais próximos à recuperação ideal da recessão é a plástica gengival, com ou sem enxerto de gengivas. Ideal para os pacientes mais exigentes com a estética do seu sorriso, também é a que oferece maior durabilidade de resultados.

 

O recobrimento de raiz dentária exposta por restauração em resina ainda é o procedimento mais realizado para aliviar a sensibilidade dentinária e promover alívio estético ao sorriso afetado pela recessão gengival. Apesar da praticidade e preço mais em conta desta técnica, este tipo de tratamento exige cuidados redobrados para que falhas na adaptação das resinas ao dente não facilite o acúmulo de placa bacteriana e resulte em problemas como a gengivite e periodontite ou infiltração por cárie dentária.

 

retração da gengiva risco para perda dentária
A retração gengival é sequela da perda do osso que circunda as raízes dentárias.

 

 

Cirurgia plástica gengival como parte do tratamento da halitose.

 

A cirurgia plástica gengival reúne um grupo de técnicas com múltiplas indicações que vão do alinhamento das gengivas ao recobrimento de raiz dentária exposta por recessão. Apesar das variações técnicas, o procedimento é divido conforme o uso de enxertos de gengiva proveniente do próprio paciente (autógeno) ou provenientes de fontes animais (alógenas).

 

A halitose associada à retração gengival pode ser beneficiada pela plástica gengival em diversas ocasiões. A reconstrução da arquitetura gengival facilita a remoção da placa bacteriana responsável pela gengivite e periodontite. Veja como estas técnicas cirúrgicas atuam para eliminar ou amenizar o mau hálito associado ao acúmulo de placba bacteriana e inflamações gengivais.

 

plástica gengival sem enxerto

O recobrimento radicular por cirurgia sem enxerto gengival traz pós-operatório mais simples e rápido. Suas indicações vão para os casos com recessões em estágio inicial, presença de papilas interdentais íntegras e biotipo gengival espesso.

 

plástica gengival com enxerto

Enxertos de gengiva pode ser utilizados para aumentar a espessura das gengivas em biotipo finos, uma condição anatômica que facilita recessão gengival e melhora o prognóstico da cirurgia para recobrimento de raízes dentárias exposta. Indicada para casos mais severos de retração, a técnica exige cuidados intensos no pós-operatório, e com resultados eficientes e duradouros.

 

gengiva retraída cirurgia plástica gengival sem enxerto gengival
Cirurgia plástica gengival com enxerto gengival: resultados duradouros no tratamento da retração gengival.

 

 

Prevenindo o mau hálito: da escovação da língua ao uso de escovas dentárias mais eficientes.

 

A halitose pode trazer situações sociais de constrangimento ainda mais intensas do que problemas estéticos do sorriso. Quando originada na cavidade bucal, cabe ao dentista dedicado ao tratamento do mau hálito identificar os locais de origem e adotar medidas terapêuticas com medidas de prevenção incluídas que vão muito além das utilizadas na terapia da retração gengival. Veja uma lista com dicas para prevenir o aparecimento de odores desagradáveis provenientes da boca:

 

  consultas regulares e anuais ao dentista;

 

  higienização da língua (local de maior acúmulo, na cavidade bucal, de restos de alimentos e placa bacteriana);

 

  adoção de hábitos de higiene oral eficientes e regulares;

 

  uso de instrumentos de higienização adequados;

 

  dieta menos propensa à fermentação oral ou naturalmente produtoras de odores desagradáveis.

 

Ainda em dúvida? Saiba mais sobre tratamento do mau hálito.

Ou aproveite para ler os posts relacionados:

Voltar para o blog