Dentadura fixa. Informações e dicas essenciais sobre o tratamento.
O tratamento com dentadura fixa sobre implantes é simples e recupera a mastigação e o bem estar estético. Conheça as indicações e vantagens do tratamento e como ele interfere na melhora da saúde e qualidade de vida dos pacientes desdentados.
Por Luís Gustavo Morato Leite, dentista graduado e especializado em próteses dentárias pela Ufrgs, em Porto Alegre.
A vida de quem usa dentadura não é nada fácil. Além da dificuldade para mastigar e do mal estar estético, essa prótese é fonte para a perda da autoestima e para o progressivo declínio na saúde geral. Um verdadeiro martírio. E quando pensamos que ela ainda é utilizada por mais de 28% da população brasileira acima dos 60 anos – dados das pesquisas mais recentes, vemos que uma boa dose de informação sobre o tratamento com dentaduras fixas é essencial para melhorar a qualidade e expectativa de vida desses indivíduos.
Implantes dentários no centro do tratamento para as dentaduras fixas.
A dentadura fixa é rígida e imóvel, o que permite uma mastigação semelhante à dos indivíduos com dentes naturais. O segredo dela é a sua união estável aos ossos da arcadas dentárias através dos implantes dentários.
O uso de implantes dentários ósseo-integrados nos tratamentos para dentaduras fixas é uma técnica antiga e cada vez mais segura. Veja que a primeira aprovação para o seu uso comercial em larga escala aconteceu nos EUA ainda na década de oitenta – de lá pra cá, portanto, foram muitos os avanços tecnológicos desses dispositivos odontológicos. O resultado disso é que os tratamentos atuais são mais previsíveis, seguros e resolutivos.
A ideia central do tratamento é simples. Em cima dos resultados dos exames de sangue e radiográficos (tomografias), selecionamos os implantes mais compatíveis com a qualidade e quantidade de osso existente nas arcadas. Após a cirurgia, é preciso aguardar alguns meses até que os implantes estejam rigidamente integrados ao osso. Esse é o período chamado de ósseo-integração. Passada essa etapa, é só confeccionar as dentaduras fixas sobre os implantes dentários instalados.
Algumas informações técnicas e essenciais para entender melhor o tratamento.
1. Tempo de tratamento.
✓ sem enxertos ósseos
É o tratamento mais comum e também o mais rápido. O tempo médio do tratamento é de 4 a 6 meses para a etapa com implantes dentários + 1 mês para a etapa de confecção da dentadura fixa.
✓ com enxertia óssea concomitante à cirurgia de instalação dos implantes
Os enxertos ósseos são realizados de forma prévia ou concomitantes à cirurgia de instalação dos implantes. No caso dos enxertos concomitantes, o tempo do tratamento é o mesmo para os casos sem enxertos ósseos: 4 a 6 meses na primeira etapa + 1 mês na segunda etapa.
✓ com enxertia óssea prévia à cirurgia de instalação dos implantes
Enxertos ósseos realizados previamente à instalação dos implantes dentários são indicados para as reabsorção ósseas severas das arcadas, ou até mesmo para um único dente nas mesmas condições. O tempo de tratamento é maior, e, na média, calculamos o tempo em 4 meses para a primeira etapa (enxertos ósseos) + 4 meses para a segunda etapa (cirurgia de instalação dos implantes dentários) + 1 mês na terceira etapa (confecção da dentadura fixa).
2. Tipos de dentaduras fixas sobre implantes dentários.
✓ dentadura fixa em resina sobre metal
É o tipo mais popular de dentadura fixa sobre implante. Nela, os dentes e gengiva são confeccionados com resina acrílica, e internamente uma subestrutura metálica oferece suporto rígida e conexão estável nos implantes. A principal vantagem da dentadura fixa em acrílico é o menor preço do tratamento. As desvantagens são a baixa durabilidade e resistência dos dentes ao desgaste.
✓ dentadura fixa em porcelana sobre metal
A dentadura fixa em porcelana é, sem dúvida, um salto em qualidade estética e durabilidade comparada à dentadura fixa em acrílico. Além disso, é menos volumosa e não retém pigmentos e tártaros.
✓ dentadura fixa em porcelana sobre zircônia
Introduzida há poucos anos, a dentadura fixa em porcelana sobre infra-estrutura em zircônia representa a geração mais moderna de dentaduras fixas em porcelana. A dentadura fixa sobre zircônia não contém metal em sua subestrutura. O resultado são tratamentos odontológicos sofisticados, delicados e com efeito estético próximo ao encontrado na técnica com facetas laminadas e lentes de contato dental. É o suprassumo tecnológico para tratamentos odontológicos de reabilitação de pacientes totalmente desdentados.
3. Exames solicitados.
✓ tomografia computadorizada
A tomografia computadorizada em odontologia utiliza um tomógrafo desenvolvido apenas para imagens 3D da face. Além do preço menor desse exame, a menor quantidade de radiação ionizante facilita o seu uso corriqueiro em clínica. Hoje, é um exame indispensável para o tratamento com implantes dentários.
✓ hemograma completo
O hemograma completo e recente (2 meses) é importante para verificar as condições de saúde geral, tempo de coagulação e outros fatores que podem interferir no tratamento.
4. Algumas condições e doenças que interferem no sucesso do tratamento.
✓ diabete
A diabete descontrolada (taxas glicêmicas superiores a 120 mg/dL) interferem no tratamento com dentadura fixa sobre implante porque as alterações vasculares, inflamatórias e de cicatrização características da doença comprometem a integração do implante dentário ao osso. Pacientes controlados, entretanto, apresentam índices de sucesso no tratamento com dentadura fixa semelhantes aos pacientes sem a doença.
✓ fumantes
O fracasso no tratamento com prótese total fixa sobre implantes pode ser até 2,5 vezes em pacientes fumantes com consumo superior a 10 a 12 cigarros aos dia. Existem formas para minimizar esse insucesso. Um deles é um protocolo de abandono pré-operativo do fumo realizado 1 semana antes e duas. Os resultados desse esquema, segundo pesquisas científicas, é a diminuição desse índice de falhas próxima às encontradas em pacientes não fumantes.
Enxerto ósseo: essencial para casos com reabsorção óssea mais intensa.
As perdas dentárias dão início a reabsorções ósseas que, embora apenas mais intensas e perceptíveis nos primeiros meses e anos pós remoção do dente, continuam por toda a vida. É aí que entram os enxertos ósseos, uma técnica que, embora desperte a ideia de ser um procedimento complexo e dolorido, é simples, eficaz e essencial para muitas situações.
São diversos os fatores que contribuem para as diferenças nos padrões da reabsorção óssea entre indivíduos até mesmo de uma mesma família, modificando a quantidade, a forma e a velocidade da perda óssea. A presença de doenças gengivais e periodontais, a diabetes e o fumo são exemplos de condições individuais modificadoras desses padrões que aumentam as necessidades de enxertia óssea nos tratamentos com dentaduras fixas.
Os enxertos ósseos para tratamentos com dentaduras fixas sobre implantes são divididos em duas técnicas – de acordo com a fonte e característica do osso a ser utilizado na técnica. O enxerto coletado do próprio paciente, cada vez mais em desuso, é uma delas. Já o enxerto com osso sintético ou natural proveniente de fonte externa (de origem humana ou bovina, ambos na técnica de liofilização) é a opção mais simples e menos traumática, porém com indicações mais restritas para casos com perdas ósseas mais extensas.
Outra divisão dos enxertos refere-se ao local em que o enxerto é colocado. Na arcada superior o enxerto ósseo pode ser colocado, em blocos, diretamente sobre o osso reabsorvido – técnica indicada para reabsorções ósseas mais intensas, inclusive na região anterior. Outra variação é a inserção do enxerto ósseo através de pequenos acessos próximos à região de encontro entre as bochechas e osso das arcadas. Nessa técnica, o enxerto ósseo é realizado em região interna à arcada superior, ocupando uma área ocupada pelos seios maxilares.
Importante: a dentadura fixa precisa ser feita antes da instalação dos implantes.
Dentaduras antigas e desadaptadas são fatores de risco no tratamento com dentadura fixa sobre implantes. Entre eles estão a retenção deficiente, os movimentos traumáticos sobre osso e gengiva e a contaminação fúngica por candida albicans. A confecção prévia de nova dentadura antes da cirurgia de instalação dos implantes é essencial para eliminar os fatores de insucesso do tratamento.
Alem disso, novas dentaduras permitem restabelecer a posição ideal dos dentes que, na prótese com que o paciente chega para o tratamento, pode estar errada.
Em outras situações, as dentaduras antigas estão com os dentes tão desgastados que é impossível até mesmo entender a relação entre as arcadas. Encontrar a posição correta para os dentes antes da cirurgia para instalação dos implantes é importante porque ela é a referência que o dentista necessita para localizar o melhor local para a instalação dos implantes dentários.
A prótese utilizada durante o tratamento é segura e muito confortável.
A etapa cirúrgica para instalação dos implantes dentários necessita de 1 dia de plena recuperação do paciente, e mais 7 a 10 dias para o período com pontos de sutura. Entretanto, o paciente continua utilizando sua prótese dentária durante todos esses dias. O segredo está no material colocado na parte interna da dentadura, capaz de proporcionar uma mastigação confortável e sem compreensões à gengiva para que você continue normalmente com suas atividades sociais e profissionais.
Evitando problemas no tratamento com prótese total fixa.
Falhas nos implantes dentários, dentaduras com dentes mal posicionados e insatisfação com o resultado estético estão entre os problemas mais comuns aos tratamentos com dentaduras fixas. A dificuldade de fonação ou acúmulo de alimentos também são relatos frequentes.
Exceto pelas problemas na ósseo-integração dos implantes, que podem acontecer mesmo que todos os cuidados sejam tomados, a maioria dos problemas encontrados nos tratamentos com prótese total fixa sobre implantes podem ser evitados através de um planejamento cuidado. Realizar todos os exames solicitados, realizar a troca da dentadura antiga prévia à cirurgia de instalação de implantes e assegurar-se da qualidade do material utilizada nas próteses, implantes dentários e enxertos aumentam a previsibilidade dos resultados e sucesso do tratamento.
O importante é saber que os erros nos tratamentos com dentaduras fixas são raros e contornáveis na maioria das situações. As falhas na ósseo-integração, o principal deles, podem ser reparadas através de nova cirurgia para instalação dos implantes no local das falhas.
Diferenças na durabilidade entre dentadura fixa em acrílico e porcelana não pode passar despercebida.
A questão da durabilidade pode passar despercebida para a maioria dos pacientes – apesar da sua importância para o planejamento e escolha do melhor material. Como já vimos anteriormente, a dentadura fixa pode ser feita com acrílico ou porcelana. No caso do primeiro material, a durabilidade é consideravelmente menor, e, em alguns casos, a troca da prótese pode ser necessária a cada 4 anos devido aos desgastes dos dentes em acrílico.
Já a dentadura fixa em porcelana apresenta durabilidade mais elevada que pode superar em muitos anos a vida comum das próteses em resina.
Pacientes sensíveis ao preço e os riscos nos tratamentos de baixo custo.
O tratamento com dentadura fixa sobre implantes ósseo-integrados está entre os mais caros entre diversos procedimentos em odontologia. Os custos mais elevados devem-se aos implantes dentários e à prótese total fixa, cuja confecção é mais onerosa comparada às próteses convencionais.
Para indivíduos mais sensíveis ao preço, as diferenças entre orçamentos de tratamento entre dentista pode justificar a opção pelo profissional. É preciso estar atento aos materiais (implantes e próteses) utilizados nos procedimentos, cujos custos implicam diretamente no preço final do tratamento. Preços mais baixos embutem, na maioria das vezes, qualidade inferior e risco à saúde mais elevados.
A dificuldade de uso das dentaduras convencionais aumenta com o passar dos anos.
A questão mais emblemática no tratamento que substitui as dentaduras convencionais pelas suportadas rigidamente por implantes não é técnica. A dificuldade no entendimento de que, com o passar dos anos, diminui a capacidade de utilização dos pacientes de dispositivos protéticos móveis como próteses totais e pontes móveis.
Idosos em idade já avançada não conseguem mastigar eficientemente com dentaduras devido à falência muscular e fragilidade gengival – além de outros fatores, como a diminuição da salivação, essencial à retenção da prótese total.
O momento ideal para substituir as dentaduras convencionais por dentaduras fixas é quando o paciente encontra-se em bom estado de saúde, e, principalmente, ósseo. A reabsorção óssea, contínua e progressiva ao longo da vida, pode viabilizar a instalação dos implantes dentários justamente na parte da vida em que os indivíduos mais dependem dos dentes, a velhice. Não é à toa que muitas pesquisas odontológicas relacionam a expectativa de vida com a quantidade de dentes presentes em boca.
A técnica sem pontos de sutura da cirurgia guiada por computador para instalação de implantes
A cirurgia guiada por computador é uma técnica para a inserção óssea dos implantes através de guias construídos por modelagem 3D, a partir de exames tomográficos. A diminuição considerável do tempo cirúrgico, maior precisão de instalação dos implantes, ausência de pontos de sutura e pós-operatório menos traumática e de recuperação mais rápida são algumas das vantagens desses procedimentos. O custo do procedimento é maior comparado às cirurgias convencionais, podendo corresponder a quase 10% do preço final do tratamento. Um investimento que vale a pena.
Problemas à saúde associados a dentaduras velhas e problemáticas costumam ser esquecidos.
A dentadura é um dispositivo protético incompatível, nos dias atuais, com a saúde e bem estar. E não são as mudanças de necessidades que transformaram o uso da prótese total em martírio e motivo para vergonha e reclusão social.
O aumento da expectativa de vida requer uma abordagem diferente com relação para os indivíduos portadores de dentaduras. A partir dos 80 anos de idade o uso de dispositivos protéticos orais é praticamente impossível devido as limitações musculares e teciduais – justamente no período em que mais se depende dos dentes e da mastigação para compensar as limitações de absorção de nutrientes e dificuldades de digestão de alimentos em pedações maiores.
A anemia é a principal doença relacionada ao uso de dentaduras convencionais. Portadores de próteses totais, com o tempo, para compensar a dificuldade para mastigação, passam a alimentar-se de alimentos mais pastosos como bolachas, bolos e pães, substituindo alimentos mais duros como carnes e vegetais crus, fontes de vitaminas e proteínas.
A osteoporose e a diabete também são frequentemente associadas ao uso de dentaduras convencionais devido à dificuldades na mastigação. E, por último, problemas estomacais decorrentes da ingestão de alimentos mal triturados.
Tendências e novas tecnologia no tratamento para dentadura fixa.
Novas técnicas e materiais para tratamentos odontológicos para próteses ou dentaduras fixas são frequentemente introduzidos. Apesar da sofisticação e tecnologia de ponta nesses tratamentos, a maioria deles continua pouco acessível e desconhecida da maioria das pessoas.
A cirurgia guiada por computador para instalação dos implantes dentários é um exemplo dos procedimentos para dentadura fixa que continuam no ostracismo. Introduzidos há quase dez anos, permitem cirurgias mais rápidas, menos traumáticos – sem pontos de sutura – e com recuperação sensivelmente mais rápida.
Outro exemplo é a prótese total fixa confeccionada sem metal. Além de mais duráveis, os resultados estéticos são comparáveis com os obtidos com facetas laminadas e lentes de contato dental em porcelana. É uma pena que o preço elevado desses procedimentos transformem procedimentos essenciais em deleite e sofisticação para poucos.
Saiba mais sobre dentaduras e próteses dentárias em porcelana:
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