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Luis Gustavo Morato Leite

Dentaduras, mastigação e dificuldade para mastigar. Dicas e tratamentos.

dentaduras e dificuldade para mastigar

Se já não é fácil a vida de quem usa dentaduras, a dificuldade para mastigar com elas deixa tudo ainda mais complicado: um risco para doenças como anemia, diabetes e obesidade. O que fazer?  Post com dicas e tratamentos para uma mastigação mais confortável e saudável. 

 

por Luís Gustavo Leite, dentista graduado e especializado em próteses dentárias pela UFRGS, em Porto Alegre.

 

 

Considerações sobre a mastigação com dentaduras: o que posso mastigar com elas?

 

Usuários de dentaduras tem motivos de sobra para queixar-se com frequência: a mastigação com próteses dentárias com cobertura total é uma tarefa muito difícil. Se não fosse a excelente capacidade do corpo humano para adaptar-se a situações desafiadoras, o uso de dentaduras para tratamentos odontológicos seria inviável. Apesar das limitações da prótese, uma mastigação satisfatória, sem restrições, ainda é possível para a maioria desses indivíduos.

 

O problema começa quando a mastigação, além das dificuldades naturais para mastigar com dentaduras, vira um trabalho árduo e complicado. O que pode estar acontecendo? Dentaduras bem adaptadas, próteses que não de deslocam ao mastigar e falar, e não possuem movimentos laterais mesmo quando em contato com o rebordo ósseo, apesar das limitações, possibilitam uma mastigação saudável. Algo realmente deve estar errado.

 

A diferença entre a dificuldade para alimentação em dentaduras bem adaptadas e próteses com problemas pode ser melhor entendida levando-se em conta 3 pontos essenciais:

 

(1) dentes em acrílico das próteses são pouco efetivos para o corte e trituração de alimentos;

 

(2) dentaduras possuem pontos que, pressionados, desestabilizam a prótese durante a mastigação;

 

(3) a potência muscular em pacientes com dentaduras pode ser até 85% mais baixa do que em pacientes dentados.

 

E o que isso tudo quer dizer? Simples: alimentos fibrosos e consistentes como carnes, determinados tipos de legumes crus e frutas precisam ser cortados (fracionados) em pequenos pedaços, facilitando a mastigação. Amendoins e rapaduras, por exemplo, que frequentemente causam cortes e sangramento nas gengivas, devem ser evitados. Doces pegajosos e pães podem deslocar dentaduras, machucando a região em contato com as bordas das próteses. Enfim, não é difícil encontrar diversas situações que trazem dificuldade para mastigar com dentaduras.

 

 

O diagnóstico da dificuldade para mastigar com dentaduras pode ser complicado.

 

O diagnóstico de má adaptação para dentaduras não é simples. É que as limitações inerentes à prótese total confundem-se com problemas que decorrem de falhas nas próteses, tornando impossível ao paciente distinguir o que normal do que não não é com relação à mastigação. E não adianta arriscar: o diagnóstico preciso para a dificuldade para mastigar com dentaduras deve ser realizado com o auxílio do dentista.

 

Basicamente, o diagnóstico da dificuldade de mastigação com dentaduras é feito examinando-se os sinais e sintomas diretamente relacionados ao problema, ou ainda através de diversos problemas de saúde que podem estar relacionadas à dificuldade para mastigação com próteses. Os principais sinais e sintomas a que o dentista precisa estar atento:

 

dor durante a mastigação;

sangramento de gengivas e mucosas;

deslocamento da dentadura durante a mastigação;

fadiga muscular durante a mastigação;

dores estomacais pela ingestão de alimentos em pedações grandes;

dores nas articulações.

 

Causas para dentaduras que não permitem uma mastigação eficaz e confortável.

 

São muitas as causas para o problema de desadaptação e dificuldade para mastigação com dentaduras. O mais comum é que essas limitações tenham como causa dois ou mais fatores dificultantes à mastigação. Abaixo, uma série de causas que, ainda que de ocorrência isolada, são responsáveis para a dificuldade de mastigar com dentaduras.

 

reabsorção óssea dos maxilares;

hiperplasia (crescimento) gengival;

infecções por fungos (candidíase);

aftas (úlcerações na mucosa de revestimento oral);

bordas muito extensas (longas) das dentaduras;

diminuição do fluxo salivar (xerostomia);

ingestão de alimentos em pedaços grandes;

tumores ou outras doenças ósseas;

dentaduras antigas;

dentes acrílicos desgastados;

montagem incorreta dos dentes da dentadura;

perda do tônus e potência dos músculos da mastigação.

 

 

A dificuldade para mastigar com dentaduras é uma porta aberta para diversas doenças

 

As consequências indiretas da dificuldade de mastigação com dentaduras podem passar despercebidas por pacientes, dentistas e médicos. E um dos motivos para isso é que muitos indivíduos convivem por anos a fio com dentaduras problemáticas, sem consciência das limitações e restrições de suas dietas. A adaptação lenta do organismo à mudança gradual da dieta do paciente é, quase sempre, difícil de ser percebida. O resultado são as doenças que podem ser causadas ou potencializadas pela deficiência de vitaminas, proteínas, e consumo excessivo de carboidratos.

 

Vejamos alguns riscos para o aparecimento de  doenças e problemas que podem decorrer da dificuldade para mastigar com dentaduras:

 

• anemias, pela eliminação progressiva de alimentos ricos em proteínas e vitaminas da dieta;

• diabetes, pela substituição de alimentos fibrosos e resistentes, ricos em vitaminas e proteínas, por alimentos pastosos ricos em acúcares e carboidratos;

• obesidade, pelos mesmos motivos para o risco para a diabetes;

• reabsorção óssea acelerada dos rebordos maxilares;

• dores nos músculos do pescoço, face e cabeça;

• dores e inflamações articulares;

• dores no ouvido e dificuldade para audição.

 

 

O tratamento para a dificuldade de mastigação com dentaduras.

 

A correção dos problemas responsáveis pela dificuldade de mastigação com dentaduras pode ser feita sobre a prótese defeituosa. Caso contrário, será necessária a reconfecção da prótese total. Entretanto, o tratamento ideal depende de um cuidadoso exame clínico oral e da prótese defeituosa que só pode ser realizado pelo dentista.

 

Muitas peculiaridades anatômicas – e que, por questões didáticas, não foram incluídas neste post – também influenciam na escolha terapêutica. Em outra situações, a terapia medicamentosa aliada à suspensão do uso da dentadura pode fazer parte do tratamento.

 

• diminuição da extensão das bordas;

• reembasamento da base das dentaduras;

• ajuste da relação de mordida entre os dentes;

• orientação sobre a dieta específica para portadores de dentaduras;

• suspensão do uso da prótese por alguns dias;

• substituição dos dentes da dentadura;

• substituição e confecção de nova prótese total;

 

 

Modificar ou trocar a dentadura. 

Um  questão complicada para o portador de prótese total associada a problemas é decidir quando trocar ou modificar o dispositivo protético. Mas o que pode parecer complicado até mesmo para o dentista especializado, requer uma linha de raciocínio simples para eliminar a dor e a dificuldade para mastigar.

 

A prótese dentária móvel, seja ela dentadura ou prótese parcial removível, com mais de quatro meses de uso eventualmente exige reparos. Estes, quando exigidos, são pequenos e nunca realizados nas partes em contato com o rebordo ósseo desdentado – na maioria das vezes, pequenas reduções na extensão dos dispositivos para compensar as alterações fisiológicas que acompanham os tecidos moles em contato com a prótese total.

 

Por outro lado, quando estes ajustes não minimizam as dores em próteses antigas, o melhor mesmo é partir logo para a troca da dentadura associada a problemas. Já quando a dificuldade para mastigar decorre de próteses recém instaladas, o emprego de diversas técnicas que ajudam na adaptação ao novo dispositivo protético podem ser empregas – incluindo a substituição das bases acrílicos em contato com gengivas, mucosas e músculos.

 

 

Algumas dicas que ajudam (muito!) para uma mastigação mais eficiente e confortável.

 

Algumas dicas podem ajudar pacientes no período de adaptação à dentaduras, ou que possuem próteses estáveis e que eventualmente são motivos para dores e dificuldades para mastigação com dentaduras.

 

• substitua a dentadura a cada 4 anos;

• remova a dentadura ao dormir;

• escolha dentes em acrílico com maior durabilidade e eficiência mastigatória;

• evite o reembasamento das dentaduras;

• suspenda o uso da prótese por algusn dias apos traumas eventuais sobre a gengiva e mucosas;

• suspenda o uso das próteses quando da ulceraçao por aftas.

 

 

Da dentadura convencional para a dentadura fixa.

 

Como vimos durante o post, são várias as causas para a dificuldade de mastigação com dentaduras. E, como se não bastasse o problema, com o passar dos anos o uso da prótese total pode, por fim, ser impraticável – é por isso que existem tantos idosos incapazes para o tratamento com dentaduras. Abordar rapidamente os problemas para mastigação é o caminho ideal para evita a reabsorção óssea acelerada e os problemas de saúde que decorrem de dietas adaptativas pobres.

 

E o que fazer para resolver essas limitações? O tratamento com dentaduras fixas sobre implantes dentários ósseointegrados é eficaz para equacionar, se não todas, quase todas os problemas inerentes às dentaduras, recuperando a estabilidade e eficiência mastigatória – e que pode ser muito próxima à encontrada em indivíduos dentados.

 

Os procedimentos para instalação dos implantes dentários são seguros e resolutivos. Muitas inovações técnicas permitem até mesmo cirurgias sem pontos de sutura, auxiliados por guias cirúrgicos confeccionados por fresadoras computadorizadas.

 

As limitações para o tratamentos com dentaduras sobre implantes dentários, nos dias atuais, são basicamente financeiros, dado os enormes benefícios dos tratamentos de substituição de próteses totais por dentaduras fixas sobre implantes. Talvez seja a hora ideal para uma vida mais saudável, equilibrada e com todos os prazeres à mesa.

 

Saiba ainda mais sobre tratamentos com próteses com estes posts:

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