Enxerto gengival: conheça as técnicas que corrigem falhas estéticas.
O enxerto gengival pode ser essencial para recuperar a estética e função em procedimentos com próteses dentárias e implantes osteointegrados. Conheça as técnicas, indicações e problemas no tratamento com enxertos de gengivas para harmonizar e melhorar o resultado de diversos procedimentos em odontologia.
por Luís Gustavo Leite, dentista graduado e especializado em próteses dentárias pela UFRGS, em Porto Alegre.
Enxerto gengival, cada vez mais essencial nos tratamentos estéticos em odontologia.
A reconstrução de gengivas retraídas ou atrofiadas é um procedimento cirúrgico sofisticado mas que pode ser imprescindível para recuperar a harmonia do sorriso. E para que os resultados destes procedimentos sejam efetivos e duráveis, enxertos de gengivas coletados do próprio paciente ou proveientes de fontes biológicas manipuladas podem ser necessários ao tratamento.
O fato é que a cirurgia plástica gengival há muito deixou de ser um procedimento apenas para corrigir a recessão gengival. Em determinadas situações, ela pode ser a única opção para corrigir falhas estéticas e funcionais em tratamentos com próteses dentárias, laminados cerâmicos e até mesmo implantes osteointegrados. Mas para que tudo dê certo, é preciso estar atento a alguns detalhes para evitar frustrações com os resultados de procedimentos com enxertos gengivais.
Indicações vão além dos procedimentos estéticos.
As indicações para uso de enxertos de gengivas vão muito além dos procedimentos para recobrir raizes dentárias expostas. Seja para reconstruir a arquitetura gengival em áreas com dentes ausentes ou para aumentar o volume gengival em regiões em contato com próteses dentárias fixas, a técnica com enxerto gengival surpreende pelos resultados e múltiplas utilidades. Conheça as principais indicações para a técnica:
✓ recobrir raízes dentárias expostas por retração gengival;
✓ corrigir gengivas acinzentadas próximas a próteses dentárias e implantes;
✓ prevenir a recessão tecidual em indivíduos com biotipo gengival fino;
✓ aumentar o volume das gengivas para fins estéticos na região anterior;
✓ melhorar o resultado estético e funcional com próteses dentárias fixas.
Sucesso do tratamento depende do biotipo gengival.
As gengivas não são iguais entre os individuos. Enquanto para alguns elas apresentam-se espessas e firmemente queratinizadas, para outros o que se vê são tecidos gengivais finos e delicados – diferenças no biotipo tecidual que implicam no sucesso de procedimentos com enxertos.
Gengivas finas e delicadas estão associadas a recidivas frequentes quando comparadas a tecidos espessos e resistentes. Nestes casos, a seleção de técnicas alternativas com enxertos gengivais pode ser necessária para efetivar os resultados cirúrgicos. Entretanto, o biotipo fino para gengivas não é impeditivo para a plástica gengival, apenas exigindo técnicas cirúrgicas diferenciadas.
Técnicas e tipos de enxertos gengivais.
A cirurgia plástica gengival possui dezenas de variações técnicas desenvolvidas para solucionar problemas específicos – e difícil para serem explicadas para leigos no assunto. Já com relação ao tipo de enxerto de gengival utilizado – o fator mais importante no sucesso do tratamento -, dá para entender fácil as fontes utilizadas por dentistas na hora de selecionar o material mais apropriado.
✓ enxerto gengival livre
Nesta técnica, uma porção de gengiva é coletada (recortada) de áreas distantes ao local receptor – o palato é um doador potencial dada a maior disponibilidade de gengivas em quantidade e qualidade suficientes. Gengivas com cicatrizes e com colorações diferentes são resultados possíveis desta técnica, motivo pelo qual é indicada para procedimentos em regiões não estéticas e que necessitam de enxertos em boa extensão e volume.
✓ enxerto de tecido conjuntivo
O enxerto de tecido conjuntivo elimina problemas como diferenças de cor entre gengivas e ainda reduz riscos para cicatrizes teciduais visíveis. Nesta técnica, o dentista remove apenas a parte interna (profunda) da gengiva, permanecendo a camada superficial no seu local de origem. Utilizada na maioria das cirurgias plásticas gengivais para corrir gengiva retraídas, traz pós-operatório mais simples e rápido.
✓ enxerto de origem animal
Com importação suspensa no Brasil – o material é fabricado, certificado e liberado para uso nos EUA e Europa – por suspeita de contaminação em paciente tratado com a técnica, o enxerto de tecido de origem animal é uma membrana conjuntiva obtida a partir de fontes animais modificadas. A vantagem deste tipo de enxerto é eliminar a cirurgia que coleta tecido conjuntivo para enxertia tecidual. Os resultados, razoáveis, são inferiores à técnica com enxerto coletado do próprio paciente.
✓ enxertos biosintéticos
A reconstrução tecidual com enxertos biossintéticos é uma técnica antiga mas que carece de maior resolutividade. Apesar dos recentes avanços destes materiais para procedimentos em dentes com gengivas retraídas, a tecnologia com materiais sintéticos ainda requer avanços para ser viável nos tratamentos que exigem volume gengival considerável.
Pós-operatório é simples mas exige delicadeza nos cuidados.
O pós-operatório da cirurgia plástica gengival com enxertos é simples mas exige delicadeza e atenção do paciente submetido ao tratamento. Isso porque, nesta técnica, os cuidados para não deslocar o tecido gengival enxerto são até mais importantes do que a técnica cirúrgica adotada.
Os cuidados pós-operatórios restringem a movimentação excessiva dos lábios por até sete dias, o mesmo período em que a limpeza do local operado é realizada pelo dentista no consultório dentário – duas consultas já bastam. Restrições à dieta rica em alimentos rígidos são recomendadas às duas primeiras semanas pós cirurgia, periodo a partir do qual a escovação normal e habitual já pode ser retomada sem riscos.
Tempo de recuperação e cicatrização.
Desconforto pós-operatório nas áreas de coleta de gengivas ou tecido conjuntivo são frequentes – a região receptora raramente é associada a dor neste período. A suspensão de atividades profissionais e sociais pode ser solicitado por até 7 dias, dependendo da extensão, local e tipo de enxerto gengival utilizado.
O tempo de cicatrização dá-se em duas fases diferentes. Nos 21 primeiros dias, as alterações inflamatórias locais já são imperceptíveis e a partir 45 dias passados da cirurgia gengival já não há mais evidência de processos cirúrgicos realizados. Entretanto, uma espera de até 120 dias pode ser necessária para iniciar tratamentos combinados com lentes de contato dental e facetas dentárias laminadas, procedimentos que exigem maturação tecidual e estrutural definitivos.
Complicações cirúrgicas e recidivas na cirurgia gengival com enxerto.
Complicações cirúrgicas em procedimentos com enxertos de gengivas, como infecções e inflamações, são raras. O que pode ser frequente, entretanto, é a perda do tecido enxertado – uma falha mais associada à técnica com enxerto gengival livre, mas que não traz contratempos maiores do que a necessidade para repetição da cirurgia.
A recidiva na cirurgia plástica gengival com enxertos dá-se com mais frequência na técnica com enxerto de tecido conjuntivo. Mais sensível ao biotipo gengival, o procedimento pode exigir repetição, passados 7 anos do tratamento, em até 50% dos casos – em indivíduos com gengivas finas e delicadas.
Já a técnica com enxerto gengival livre apresenta índices menores de recidiva ao longo dos anos, o que faz dela o procedimento ideal para recuperar falhas estéticas e funcionais próximas a próteses dentárias em porcelana e implantes osteointegrados.
Retração gengival: fatores desfavoráveis no recobrimento de raízes expostas.
O recobrimento tecidual de raízes dentárias expostas (retração gengival) é a indicação mais frequente da cirurgia plástica com enxerto gengival. A técnica mais utilizada é o enxerto de tecido conjuntivo, que traz menor risco para falhas e ainda pós-operatório mais simples.
Determinadas condições locais, entretanto, podem até mesmo contraindicar a cirurgia plástica gengival com enxertos dada a baixa resolutividade do procedimento. Conheça alguns desse fatores que precisam ser levados em conta antes de iniciar o tratamento:
✓ perda de papilas gengivais;
✓ dentes girados ou tortos;
✓ biotipo excessivamente fino;
✓ controle inadequado de placa (higiene oral deficiente);
✓ doenças gengivais associado á higiene oral deficiente (gengivite e periodontite);
✓ retração gengival severa.
Cirurgia plástica gengival sem enxertos é alternativa interessante.
A cirurgia plástica gengival sem enxerto é um procedimento cada que pode ser utilizado para recuperar falhas estéticas e funcionais associadas à recessão gengival ou perdas dentárias. Neste tipo de procedimento, a técnica consiste em modificar anatomicamente os tecidos gengivais vizinhos às falhas tecidos a serem corrigidas. As vantagens ficam por conta do pós-operatório rápido, simples e com poucas restrições nos primeiros dias do tratamento.
A desvantagem da cirurgia sem enxerto gengival é sua limitação para corrigir falhas estéticas e funcionais mais complexas – apesar da introdução recente de técnicas para recobrir múltiplos dentes com raízes dentárias expostas. Outro problema é a sensibilidade do procedimento a gengivas finas e delicadas e dentes tortos e girados. Apesar das limitações, as indicações para o tratamento sem enxertos de gengivas são a primeira opção para uma ampla gama de falhas estéticas gengivais.
Enxerto gengival combinado a enxerto ósseo: recuperando falhas estéticas severas.
Os tratamentos odontológicos com enxertos ósseos têm, na maioria das vezes, objetivos funcionais. Aumentos na altura e espessura do osso disponível para ancoragem de implantes dentários são procedimentos frequentes e que também podem ser utilizados para recuperar implantes dentários com perda óssea severa. Mas é a combinação de técnicas com enxertos a que vem ganhando destaque nos tratamentos odontológicos de alto impacto.
Saiba mais sobre enxerto gengival e cirurgia plástica gengival:
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