BLOG

Luis Gustavo Morato Leite

5 causas de sangramento gengival que requerem tratamento urgente.

sangramento gengival tipos

O sangramento gengival pode ser a causa para problemas que vão muito além da simples gengivite e requerem tratamentos urgentes e especializados.

 

por Luís Gustavo Morato Leite, dentista graduado e especializado em prótese dentária pela UFRGS, em Porto Alegre.

 

 

5 situações de sangramentos nas gengivas que exigem tratamentos urgentíssimos.

 

Das doenças que acometem a cavidade oral e provocam sangramentos nas gengivas, as mais comuns são a gengivite e periodontite, infecções crônicas causadas pela higiene oral deficiente (remoção de placa bacteriana) e que, apesar da simplicidade da terapia, estão, junto a cárie dental, entre as maiores responsáveis por perdas dentárias. Entretanto, algumas situações nem tão comuns – mas nem tão raras assim – exigem consultas odontológica urgentíssimas dado o risco elevado para perdas dentárias e ou agravamento da saúde geral.

 

São várias as doenças, distúrbios e síndromes que têm o sangramento gengival como manifestação oral do problema. E em algumas delas, como é o caso da leucemia, a deficiência da higiene oral é até mesmo um fator secundário para o problema de hemorragia nas gengivas e mucosas. Mas 5 delas, pelos riscos elevados para perdas dentárias rápidas ou aparecimento de sequelas como a retração gengival, exigem a procura imediata por ser serviço odontológico especializado – e que estão apresentadas, abaixo, de forma resumida e didática.

 

 

1. Leucemia

A leucemia é uma desordem hematológica maligna que, com alguma fequência, apresenta manifestações bucais – principalmente quando a doença apresenta-se na sua forma mais aguda. Gengivas inchadas e que crescem sobrem os dentes de maneira rápida e indolor são sinais clínicos comuns associados ao sangramento gengival característico. A dor oral é outro achado clínico frequente.

 

O tratamento das manifestações orais da doença consiste na remoção sistemática, assistida pelo dentista, da placa bacteriana como fonte de bacteremia – inclusive durante o período de quimioterapia. Antibióticos e agentes químicos para controle da placa bacteriana são auxiliares terapêuticos frequentes. A hemorragia crônica das gengivas, assim como o inchaço, tendem a desaparecer em semanas, necessitando, muitas vezes, de cirurgias gengivais para reconstração estética e funcional da arquitetura gengival. Perdas dentárias, por outro lado, são pouco frequentes nesses indivíduos.

 

sangramento gengival e leucemia
Aspecto clínico das manifestações gengivais da leucemia manifestada de forma aguda.

 

 

2. Periodontite agressiva

Um tipo de periodontite rara e que na maioria das vezes manifesta-se em indivíduos muito jovens traz elevados riscos para perdas dentárias e recessões gengivais se não for rapidamente tratada. É a periodontite agressiva, uma doença periodontal de ação intensa e rápida cuja destruição do osso que suporta raízes e gengivas aparece de forma súbita e requer tratamento odontológico imediato.

 

É frequente a confusão entre doenças periodontais crônicas e a periodontite agressiva, situação que pode causar muita ansiedade e medo para perdas dentárias. Felizmente, a periodontite de progressão é rara, acometendo pacientes abaixo dos 20 anos ou acima dos 60 anos. O tratamento envolve controle severo de placa bacteriana e uso de antibióticos e produtos químicos para controle de placa e sangramento gengival.

 

 

3. Doenças gengivais necrosantes

Debilitante e de rápida progressão, as doenças gengivais necrosantes que acomentem os tecidos periodontais apresentam os mesmos sinais clínicos comuns às doenças crônicas da gengiva – gengivite e periodontite – como o inchaço, vermelhidão e hemorragia das gengivas. Nas condições necrosantes, entretanto, o sangramento gengival aparece de forma espontânea e intensa, e o risco para reabsorções ósseas e retrações da gengiva são mais elevadas.

 

A causa para o problema é o acúmulo de placa bacteriana, mas com manifestações clínicas exageradas e influenciadas por doenças sistêmicas como a infecção pelo HIV e desnutrição – além de outros fatores que interferem na resposta normal do processo de destruição das gengivas e ossos, como o estresse psicológico, sono inadequado ou uso de tabáco e álcool.

 

O tratamento requer controle severo de placa bacteriana, sendo o uso de antibióticos e agentes de controle químico da placa bacteriana. A velocidade na procura por atendimento é fundamental para evitar sequelas clínicas permanentes como retrações gengivais ou perdas dentárias. Os achados clínicos comuns são gengivas excessivamente inchadas, avermelhadas e sangrantes, com desaparecimento das papilas (gengivas localizadas entre dentes).

 

guna e sangramento da gengiva
Gengivite necrosante está associada a placa bacteriana e fatores extenos como estresse e desnutrição.

 

 

4. AIDS

As manifestações gengivais em pacientes infectados pelo HIV são semelhantes às encontradas em indivíduos soronegativos. A diferença é que, nos soropositivos, o sangramento gengival e perdas ósseas mais severas são desproporcionais (maiores) ao acúmulo de placa bacteriana. A suspeita para infecção por HIV recai sobre pacientes que não respondem de forma adequada ao tratamento convencional para doenças gengivais crônicas (gengivite e periodontite).

 

O tratamento para paciente infectados pelo HIV inclui o acompanhamento sistêmico da qualidade de remoção da placa bacteriana (higiene oral) e saúde das gengivas. Antibióticos e agentes químicos de controle da placa bacteriana são frequentemente admnistrados para estes indivíduos.

 

sangramento gengival e aids
Sangramento gengival espontâneo, áreas vermelhas e gengivas inflamadas: características das manifestações gengivais da AIDS podem confundir o diagnóstico com doenças crônicas na gengiva como a simples gengivite.

 

 

5. Diabetes

Diabetes mellitus é uma doença complexa do metabolismo da glicose e com grau variável de complicações bucais. Indivíduos com diabetes malcontrolado apresentam sintomas como diminuição do fluxo salivar, queimação da língua ou boca. Entretanto, é a sua alteração no metabolismo ósseo a maior preocupação, já que perdas mais severas do osso que sustenta as raízes do dentes são frequentementes associadas nesses pacientes. Nesses indivíduos, o sangramento gengival frequente pode mascarar danos severos e irreversíveis às estruturas periodontais.

 

As manifestações clínicas mais comuns em pacientes diabéticos não controlados são o sangramento das gengivas e abcessos, que aparecem como áreas inchadas e avermelhadas e próximas às gengivas. Por ser assintomático e apresentar períodos de melhora aparente na maioria das situações, a diabetes pode protelar a procura por atendimento especializado – o que, na maioria das vezes, é causa para a recessão gengival severa e perda óssea preocupante.

 

 

Outras doenças associadas ao sangramento gengival.

 

O número de doenças que podem apresentar manifestações bucais com sangramento proveniente de gengivas ou mucosas que revestem a cavidade oral é grande. Em muitas delas, a hemorragia, que aparece de forma estimulada ou espontânea, pode estar associada a hiperplasias gengivais (crescimento exagerado de gengivas) ou da mucosa que reveste a cavidade oral. A dor oral é outro achado clínico oral importante em algumas dessas doenças ou distúrbios. Veja abaixo algumas doenças, distúrbios e síndromes associados ao sangramento de gengivas e mucosaa:

 

Lupus eritematoso;

doença de Crown;

eritema multiforme;

pênfigo;

penfigóide;

líquen plano;

herpes zoster;

medicações;

✓ candidíase;

hipovitaminoses;

deficiências na coagulação sanguínea;

insuficiência heática.

 

sangramento gengival e medicações
hiperplasia e sangramento gengival associado a medicação anti-convulsionante.

 

 

Gengivite e periodontite, infecções crônicas comuns – mas não menos importantes.

 

Dificilmente você ainda não ouviu falar da gengivite, um tipo de infecção crônica na gengiva que tem como característica o aparecimento de bordas vermelhas e inchadas e, essencialmente, sangramento gengival. E a doença é mais comum do que se pode imaginar, já que atinge quase 90% da população mundial. A principal causa para a gengivite é a remoção inadequada das placas bacterianas que acumulam-se junto às gengivas devido à falta ou ineficiência durante a higienização dos dentes.

 

Já a periodontite crônica, que, para facilidade de compreensão, pode ser vista como a evolução e agravamento da gengivite, é um pouco menos frequente. Entretanto, embora compartilhe com a gengivite os mesmos sinais clínicos, destrói o osso  que circunda e sustenta as raízes, motivo pela qual ela é o principal motivo para perdas de dentes e retração nas gengivas.

 

A evolução lenta da gengivite e periodontite, entretanto, pode enganar pelo risco elevado para perdas dentárias ou outros danos irreversíveis na arquitetura gengival. É que a negligência profissional no diagnóstico da doença periodontal, aliado ao convívio “pacífico” dos indivíduos ao longo da vida com o problema, faz da periodontite a primeira ou segunda maior causa para as perdas dentárias, dependendo da comunidade estudada. O sangramento gengival esporádico ou que aparece durante a escovação dos dentes ou uso do fio dental necessita, sim, de acompanhamento e tratamento odontológico especializado, apesar da progressão lenta da doença.

 

 

Saiba mais sobre sangramento gengival e saúde periodontal com os posts abaixo:

Voltar para o blog