Sorriso gengival: gengivoplastia prévia ao reposicionamento labial pode ser essencial.
O sorriso gengival pode ser minimizado ou eliminado por duas técnicas de cirurgia oral: a gengivoplastia e o reposicionamento labial. Conheça as causas, as indicações destas técnicas cirúrgicas, os cuidados no pós-operatório, o uso combinado dos dois tratamentos, o que esperar dos resultados e outras informações essenciais sobre a cirurgia para sorriso gengival.
Luís Gustavo Leite é dentista periodontista (especialista em gengivas) em Porto Alegre.
Sorriso gengival, o que é?
Nenhum outro problema odontológico causa tanto descontentamento com relação ao próprio sorriso quanto o sorriso gengival. Mais comum entre mulheres, ele é o resultado da exposição exagerada das gengivas ao sorrir. E dependendo da severidade com que aparece, seus danos estéticos à estética da face podem ser devastadores.
Para alguns indivíduos, uma pequena faixa com apenas 1mm de gengivas expostas já é o suficiente para gerar um grande desconforto estético. Para outros, podem ser necessários até 3mm de exposição para que os danos comecem a aparecer.
O sorriso gengival tem várias causas, mas a que está por trás da maioria dos casos é a hipermobilidade do lábio superior. Nos casos mais severos – acima de 4m de exposição das gengivas, esta movimentação excessiva dos lábios é quase a única causa.
Tratamento do sorriso gengival é cirúrgico.
A redução dos danos estéticos provocados pelo sorriso gengival é o objetivo do tratamento. A resolutividade do tratamento, ou o quanto é possível reduzir a exposição das gengivas ao sorrir, varia de paciente para paciente.
Em muitos casos, o sorriso gengival desaparece completamente. Em outros, os resultados são vistos pelo que os dentistas chamam de alívio estético.
O tratamento do sorriso gengival requer cirurgia, independente da sua causa. Para isto, duas técnicas de cirurgia plástica gengival são utilizadas, de forma isolada ou combinadas: a gengivoplastia e o reposicionamento labial.
Como é a gengivoplastia.
A gengivoplastia é a remoção das gengivas que estão em excesso sobre os dentes. Ela pode ser feita através do recorte cirúrgico simples, quando é chamada de gengivectomia, ou através da recorte gengival seguido do remodelamento do osso que envolve as raízes dos dentes – é a gengivoplastia propriamente dita.
Para saber a quantidade exata de gengiva e osso que precisam ser removidos, são necessários exames clínicos e radiográficos. Feito isto e determinadas as linhas de incisão (recorte), as gengivas são anestesias e recortadas na posição pré-determinada.
Após o recorte gengival, dá-se início ao remodelamento ósseo, que precisa estar alinhado com o formato das gengivas recém recortadas. Esta remoção de osso, que pode ter extensão de até 4mm conforme o caso, é necessária para evitar que as gengivas voltem a recobrir os dentes.
Uma informação importante sobre a gengivoplastia é que ela não causa retração gengival quando executada de forma correta. Para ser feita com segurança, basta apenas restabelecer as distâncias biológicas naturais entre osso e gengivas, quase sempre ausentes no paciente com gengivas em excesso.
Como é a cirurgia para reposicionamento labial.
O reposicionamento labial é a remoção cirúrgica de uma faixa de mucosa localizada acima das gengivas. Mais eficiente nos casos mais severos do sorriso gengival, esta técnica consiste na união mais baixa da parte interna dos lábios, a mucosa do vestíbulo maxilar.
Considerada conservadora, esta técnica de cirurgia gengival requer entre 1 a 2 horas para ser realizada. Atualmente, técnicas menos invasivas eliminam a necessidade de remoção das inserções e freios musculares, fazendo dela um tratamento mais seguro.
É fácil entender como é o reposicionamento labial. Após a medição das faixas de mucosas que serão removidas, elas são então anestesiadas, recortadas e removidas. Após, os tecidos incisados remanescentes são aproximados e suturados, limitando a movimentação do lábio superior durante as movimentações excessivas ao sorrir.
Resultados: o que esperar de cada tipo de cirurgia para sorriso gengival.
Afinal, o que esperar dos resultados da cirurgia para sorriso gengiva? Como cada técnica pode ajudar na redução dos danos estéticos ao sorriso causados pelo problema? Veja a diferença:
Gengivoplastia:
Os resultados da gengivoplastia na redução do sorriso gengival dependem de dois fatores. O primeiro deles é a quantidade de gengiva que pode ser removida. Quanto mais gengiva removida, incluída aí a remodelação óssea, mais intensos são os resultados estéticos obtidos.
O segundo fator é a severidade do sorriso gengival. Quanto mais extensa a exposição das gengivas ao sorrir ou falar, menor impacto estético é esperado como resultado – o que não descarta a gengivoplastia como técnica única de cirurgia ao sorriso gengival.
Reposicionamento do sorriso gengival:
Pesquisas científicas sobre os resultados da cirurgia para reposicionamento labial sugerem uma redução média de 3mm na exposição das gengivas. Em outras palavras, isto significa que os lábios levantam 3 mm ao sorrir.
Baseado nisto, é fácil perceber que, quanto maior a severidade do sorriso gengival, menores serão os efeitos da cirurgia para reposicionamento labial.
Por outro lado, 3mm de redução média podem ser o suficiente para eliminar o desconforto estético do problema. Indivíduos que expõem, por exemplo, 6 mm de gengivas ao sorrir (sorriso gengival de média a elevada severidade), percebem como bastante favorável os resultados cirúrgicos da cirurgia.
Gengivoplastia e reposicionamento labial podem – e devem – ser combinados.
A severidade de exposição das gengivas é crucial para o dentista determinar qual técnica cirúrgica utilizar. Enquanto casos menos severos de sorriso gengival podem ser resolvidos apenas com a gengivoplastia, exposições extensas das gengivas ao sorrir exigem o reposicionamento labial com técnica cirúrgica obrigatória.
O tratamento que combina a gengivoplastia com reposicionamento labial é recomendado aos casos mais severos do sorriso gengival. O objetivo desta combinação é otimizar os resultados estéticos, melhorando ainda mais a percepção visual de melhora quando apenas reposicionamento labial é utilizado.
A gengivoplastia pode ser feita no mesmo dia do reposicionamento labial.
A realização, em único momento, da gengivoplastia e do reposicionamento labial é uma alternativa cirúrgica. Indicada aos indivíduos que anseiam resultados mais rápidos, a técnica cirúrgica combinada exige, entretanto, seleção cuidadosa do candidato ao tratamento mais rápido.
O mais recomendado é a realização de um procedimento cirúrgico por vez. A sequência mais utilizada é a gengivoplastia realizada antes do reposicionamento labial – mas nada impede que as técnicas tenha sua sequência invertida.
Apesar do maior tempo de tratamento, a realizada individualizada e sequenciada das duas técnicas cirúrgicas traz maior precisão de resultados, proporcionado ao periodontista um controle cirúrgico ainda mais preciso.
Cuidados no pós-operatório.
Além da cirurgia para retração gengival com enxerto de gengiva, poucos procedimentos cirúrgicos em odontologia tem seus resultados tão dependentes dos cuidados no pós-operatório quanto o reposicionamento labial.
Para ter uma ideia desta diferença, basta compará-los com os cuidados pós-operatórios recomendados à gengivoplastia. Exigindo entre 2 a 3 dias livres de atividades esportivas e da mastigação de alimentos rígidos, após este período já é permitido ao paciente o retorno à alimentação costumeira, sem comprometer os resultados cirúrgicos.
Por sua vez, o reposicionamento labial exige intensos e prolongados cuidados no pós-operatório. Tanto é que, além dos cuidados habituais exigidos nos primeiros 7 dias das cirurgias gengivais, diversas outras exigências pós-operatórias podem prolongar-se por mais 7 a 14 dias, dependendo do caso.
A remoção dos pontos de sutura na gengivoplastia é feita após 10 dias passados da cirurgia da gengivoplastia; no reposicionamento labial, entre 21 a 28 dias.
E para o controle da dor no pós-operatório da gengivoplastia e do reposicionamento labial, analgésicos simples, utilizados por até 3 dias passados da cirurgia, já são suficientes para evitar os desconfortos dolorosos.
Tempo de cicatrização das gengivas e mucosas.
Ao contrário do reposicionamento labial, cujas incisões e pontos de sutura não ficam expostos ao sorrir, a gengivoplastia frequentemente expõe os sinais cirúrgicos e da cicatrização.
Nos primeiros 3 dias passados da gengivoplastia, as gengivas atinge o seu auge de vermelhidão e inchaço. Em muitos casos, estes sinais são pouco perceptíveis, e o paciente pode prosseguir com suas atividades sociais normalmente.
Mas já a partir do sétimo dia, as gengivas mostram-se com poucos sinais de realização da cirurgia, permanecendo apenas os fios de sutura como sinais cirúrgicos – fios que podem ser utilizados em versões estéticas, sem comprometer os compromissos de trabalho.
Toxina botulínica antes do reposicionamento labial ajuda a evitar a recorrência pós-cirúrgica.
Nos casos mais severos do sorriso gengival, em que o risco de recidiva dos resultados durante o pós-operatório são elevados, a aplicação da toxina botulínica é altamente recomendada.
O objetivo desta aplicação, que deve ser feita entre 2 a 3 semanas antes da cirurgia para o reposicionamento labial, é evitar o movimento excessivos dos lábios no pós-operatório imediato, que pode durar até 30 dias, e nos próximos 2 a 3 meses, período de consolidação cicatricial.
Simulação é importante para descartar resultados pouco efetivos.
Prever os resultados nos diversos tratamento em odontologia estética é importante por vários motivos. Desde os procedimento mais simples, como as facetas de resina e lentes de contato dental, à cirurgia para sorriso gengival, a antecipação dos resultados não apenas auxilia na seleção das técnicas cirúrgicas, como também ajuda a avaliar a própria viabilidade de uso de cada técnica.
Dentre as técnicas de cirurgia para o sorriso gengival, a mais previsível é a simulação fotográfica para a gengivoplastia, cujos exames tomográficos e clínicos permitem ao periodontista precisar a posição final das gengivas ao final do tratamento.
Por sua vez, as simulações de resultado final para o reposicionamento labial são menos precisas. A causa para isto é que o procedimento é realizado exclusivamente sobre tecidos moles, e em extensões muito maiores comprados à gengivoplastia. Como resultado, a simulação fotográfica é apresentada com variações de até 3mm para fins de diagnóstico e viabilidade do tratamento.
Organizando a agenda para o tratamento.
Organizar a agenda para os dias em repouso e os cuidados que o pós-operatório da cirurgia para gengivoplastia ou reposicionamento labial exigem é fundamental. A primeira atenção é realizar a cirurgia às quintas ou sexta-feiras, aproveitando o final do semana para os dias mais críticos do pós-cirúrgico.
Evitar compromissos sociais ou de trabalho que exigem do paciente comunicação intensa também é importante. Para a gengivoplastia, 7 dias já são suficientes para recuperar todos estas atividades. Passados estes dias, os inchaços e vermelhidões já são quase imperceptíveis – e isto mesmo após a permanência dos pontos cirúrgicos, realizados com fios estéticos.
À cirurgia para reposicionamento labial, por sua vez, exige-se um tempo maior livre de atividades sociais. O motivo para isto é mesmo evitar as grandes movimentações dos lábios ao sorrir ou falar, mesmo apesar da ausência de inchaços e dos pontos cirúrgicos de sutura, removidos 10 dias passados da cirurgia para sorriso gengival.
