BLOG

Luis Gustavo Morato Leite

Placa para bruxismo defeituosa pode trazer problemas além dos dentes.

placa para bruxismo problemas

A placa para bruxismo com problemas de confecção pode trazer complicações muito além dos dentes. Conheça os principais problemas decorrente da placa miorrelaxante utilizada no tratamento do bruxismo.

 

Luís Gustavo Leite é dentista especialista em periodontia (gengivas) e próteses dentárias, ambas pela UFRGS, em Porto Alegre.

 

 

Placa para bruxismo, cada vez mais essencial ao seu dia-a-dia.

 

O dia-a-dia cada vez mais estressante é um prato cheio para o bruxismo, um distúrbio neuromuscular de apertamento e ranger dos dentes que traz complicações que vão desde dores na cabeça e pescoço a fraturas frequentes em dentes e restaurações dentárias. Para a maioria destes pacientes, não tem jeito mesmo: é preciso confeccionar uma placa para bruxismo antes que os problemas aumentem.

 

A placa para bruxismo, também conhecida como placa miorrelaxante ou placa oclusal, é um aparelho interoclusal encaixado às arcadas dentárias – a superior é a mais comum – para ser utilizado ao dormir ou, nos casos mais severos do distúrbio, também durante o dia.

 

Além de proteger dentes e músculos de fraturas e contraturas, o dispositivo, que exige um laboratório de prótese dentária e duas consultas ao dentista para ser confeccionado, precisa eliminar ou diminuir a frequência e intensidade da atividade dos músculos envolvidos na mastigação – uma condição que depende, e muito, do formato (design) e qualidade de confecção do dispositivo.

 

 

Problemas em placas para bruxismo.

 

Existem três versões da placa para bruxismo com relação à rigidez do material utilizado na sua construção. A mais utilizada é a placa rígida, confeccionada em acrílico transparente ou colorizado. Também existe a versão macia, confeccionada em polipropileno, indicada apenas para um tipo muito específico e pouco comum de bruxismo, o tipo cêntrico – menos de 5% dos casos correspondem a esta versão que não causa desgastes dentários.

 

Problemas no tratamento com placa para bruxismo começam já na fase de seleção do material. O mais comum é o uso da versão macia na terapia do distúrbio do tipo excêntrico – o mais comum. Quando isto acontece, hipertrofia e aumento da atividade muscular (aumento do bruxismo) podem ser o resultado do emprego de materiais macias e resilientes. Na maioria das vezes, o próprio paciente percebe que o tratamento não está dando resultados.

 

Desenhos inadequados de placas para bruxismo também estão associados a problemas que vão muito da falta de efetividade do dispositivo oclusal. Conheça as falhas de construção e projeto em placas miorrelaxantes que podem trazer problemas à sua saúde muito além da intensificação do distúrbio:

 

✓ volume e espessura excessivos (dificuldade para adaptação, dores musculares e articulares);

 

 plano de contato com dentes de oposição com cavidades e ondulações (travamento da mandíbula);

 

 desajuste com dentes de oposição;

 

 pressão excessiva nos dentes de encaixe (dentes ficam doloridos após o uso);

 

 planos de deslizamento inadequado (mandíbula fixa projetada para frente);

 

 

Danos a dentes, músculos e à saúde geral.

 

A desprogramação neuromuscular dos músculos envolvidos no apertar e ranger dos dentes é o principal objetivo no uso de aparelho para bruxismo. Como este distúrbio não tem cura, o que se espera, passadas as primeiras semanas de uso do dispositivo oclusal, é que ocorra uma sensível diminuição nos episódios noturnos e diurnos de ação muscular – incluindo a remissão de sintomas como dores na cabeba, pescoço e torcicolos, além de outros problemas como dificuldade para abrir a boca ao acordar.

 

Problemas em placas para bruxismo podem, além de danos aos dentes e até mesmo à saúde geral, até mesmo aumentar o próprio distúrbio. Conheça uma lista com diversos efeito indesejados de placas oclusais defeituosas: 

 

 aumento do bruxismo;

 

✓ apnéia obstrutiva do sono (SAOS);

 

✓ dores dentárias e musculares;

 

 dores articulares (ATM);

 

✓ alterações na posição original dos dentes;

 

 fraturas em próteses dentárias e restaurações;

 

✓ dor e dificuldade para mastigação.

 

 

Possíveis danos às estruturas da ATM.

 

A DTM, ou disfunção temporo-mandibular, é uma alteração anátomo-funcional nas estruturas da articulação entre a mandíbula e a cabeça, a articulação temporo-mandibular (ATM). Localizada próxima ao ouvido, esta estrutura pode ser acometida por doenças e lesões que vão da perfuração do disco articular, rompimento de ligamentos a até doenças degenerativas ou tumores malignos. 

 

A confusão entre o bruxismo e a síndrome da ATM é frequente e tem lá seus motivos para acontecer. Sintomas comuns como dores na cabeça e pescoço dificultam o diagnóstico destas duas entidades patológicos cuja relação não está cientificamente comprovada.

 

Por outro lado, sintomas como barulhos ao abrir a boca e edemas na articulação temporomandibular são caraterísticas exclusivas à disfunção da ATM, cuja relação com o bruxismo ainda não está explicada – se é que existe.

 

A placa para bruxismo para tratamento da ATM é importante à remissão das dores musculares e articulares associadas à disfunção. Nestes casos, além de dispositivos oclusais com problemas, o diagnóstico inadequado do distúrbio pode protelar a adoção de exames por imagem (ressonância magnética) e que são indispensáveis para descartar problemas mais graves como degenerações ou até mesmo tumores malignos.

 

 

Síndrome da apnéia obstrutiva do sono pode ser induzida por placa de bruxismo.

 

A síndrome da apnéia obstrutiva do sono, a SAOS, é caracterizada por paradas respiratórias episódicas que aparecem ao dormir. Mais comum em obesos e indivíduos com histórico de ronco, ela provoca uma diminuição na oxigenação do sangue cujos danos ao organismo podem ser severos com o passar dos meses e anos.

 

Falhas no desenho em placas para bruxismo podem projetar a mandíbula para frente, reduzindo, assim, o espaço disponível para língua e passagem do ar. O resultado é visto como episódios de apnéia que podem durar até 5 dias, em que cada ciclo conta com até 10 interrupções na passagem do ar – uma situação que interfere, inclusive, na qualidade do sono.

 

 

Ajustando placa para bruxismo com problemas e falhas de confecção.

 

Dependendo do problema, dá até para recuperar placas para bruxismo através de ajsutes realizados pelo próprio dentista. Os mais fáceis são os que regularizam os contatos inadequados contra os dentes da arcada dentária oposta, excesso de pressão sobre os dentes de apreensão do dispositivo e eliminação de travamentos para a livre e desejada movimentação da mandíbula quando do contato dos seus dentes.

 

Por outro lado, problemas como desadaptações grosseiras no encaixe com dentes ou erros de design do dispositivo exigem a confecção de novo aparelho para bruxismo a partir do zero. Em casos mais severos, a suspensão no uso de placas defeituosas é a atitude ideal para evitar lesões a dentes, músculos e até mesmo estruturas da articulação temporo-mandibular (ATM).

 

 

Aparelho para bruxismo macio deve ser evitado.

 

O bruxismo cêntrico, uma forma rara do distúrbio, tem como principal característica a ausência de desgastes dentários por atrição. Para este tipo específico, a placa para bruxismo macia pode trazer resultados promissoras com relação as suas funções de proteção dos dentes e desprogramação neuromuscular. O problema é que, na prática, o diagnóstico deste tipo em particular do distúrbio é difícil de ser realizado já que, para muitos pacientes, os desgastes característico da forma excêntrica podem ainda estar em nível não detectável.

 

Já a placa para bruxismo rígida é indicada para qualquer forma do distúrbio. Também conhecida como férula ou placa de Michigan, é confeccionada em laboratório de prótese dentária – motivo pelo qual são necessárias duas consultas para a sua fabricação. Reservar duas consultas a mais em sua agenda também é importante para as consultas de ajuste fino do aparelho e análise da efetividade do dispositivo oclusal.

 

 

Qual a durabilidade da placa para bruxismo?

 

Desgastes no material, manchas e acúmulo de bactérias sobre o dispositivo oclusal exigem a substituição do dispositivo. Mas afinal, de quanto em quanto tempo é preciso trocar a placa para bruxismo?

 

Estudos sobre a durabilidade de placas para bruxismo em acrílico não chegaram a um consenso sobre o tempo de vida do dispositivo. Até agora, o que se sabe é que, higienizada de forma correta, o aparelho mantém-se em boas condições de uso por até dois anos, período acima do qual sua substituição é fortemente indicada.

 

 

Evite problemas: dicas para confeccionar uma placa para bruxismo perfeita.

 

A recuperação dos desgastes dentários provocados pelo bruxismo podem ser parte essencial do tratamento mas não dispensam o uso diário da placa miorrelaxante. Mudanças em hábitos posturais ou parafuncionais – roer unhas e morder canetas são alguns dos mais comuns – podem fazer parte da terapia deste distúrbio que, quando acomete indivíduos mais estressados, também aparece em períodos de surtos cujas dores na cabeça e pescoço e dificuldade para abrir a boca podem ser bastante severos.

 

E para evitar a seleção e confecção de placas para bruxismo sem problemas de forma, espessura e material, algumas dicas básicas podem ser suficientes para que tanto a adaptação e uso do aparelho miorrelaxante deem-se de forma rápida, fácil e efetivas. Conheça as principais dicas para antes, durante e depois de iniciar o tratamento:

 

identifique o seu tipo de bruxismo antes de iniciar o tratamento;

 

certifique-se de a placa não exerce pressão sobre os dentes durante o seu uso;

 

com a placa para bruxismo instalada sobre os dentes, faça movimentos laterais com a mandíbula para verificar se o deslizamento ocorre livre e sem solavancos;

 

certifique-se de que os dentes com contatos opostos ao dispositivo oclusal estão distribuídos de forma homogênea;

 

exames por imagem podem ser necessários para quadros dolorosos mais severos ou que não cessam passados 14 dias da instalação da placa miorrelaxante;

 

revise, a cada 6 meses, a adaptação e relação do dispositivo com os dentes de oposição.

 

Ainda em dúvida? Saiba mais sobre placas para bruxismo.

Ou aproveite para ler os posts relacionados.

Voltar para o blog