Gengiva retraída: como é a cirurgia com enxerto gengival.
A cirurgia gengival com enxerto para gengivas retraídas é uma técnica indicada não apenas para os casos mais avançados de retração gengival. Veja como ela é feita, quando é indicada, quais os tipos de enxertos de gengiva e as vantagens desta técnica de cirurgia gengival com finalidade muito além da recuperação estética do sorriso.
Luís Gustavo Leite é dentista especialista em periodontista e próteses dentárias em Porto Alegre.
Gengiva retraída, o que é.
A gengiva retraída, também chamada de retração gengival, é a exposição das raízes dos dentes após a migração das gengivas da sua posição original.
As causas da retração gengival variam. Entretanto, mais de 95% dos casos tem como causa a periodontite e a escovação traumática dos dente (excesso do força e pressão contra as gengivas).
As técnicas cirúrgicas para recuperar as gengivas retraídas.
Ao contrário do que se imagina, as gengivas retraídas não voltam ao normal com o tempo. Para recuperá-las, é necessária uma cirurgia plástica gengival para reposicionar as gengivas novamente sobre a parte da raiz dentária que ficou exposta.
Basicamente, a cirurgia é dividida em duas técnicas. Uma delas é a cirurgia gengival simples, que utiliza-se do recorte, descolamento e reposicionamento das gengivas. Nesta técnica, não é necessário o uso de enxerto gengival, já que as técnicas cirúrgicas de recorte, descolamento e sutura das gengivas na posição correta são suficientes para o sucesso do tratamento.
A outra técnica é a cirurgia que utiliza enxertos de gengivas. Nessa, além do recorte, descolamento e reposicionamento das gengivas retraídas, são adicionalmente suturadas gengivas sobre a raiz exposta.
Quando o enxerto de gengiva é necessário?
Os enxertos de gengivas são indicados por dois motivos: melhorar o prognóstico cirúrgico (índice de sucesso) e prevenir a recidiva da retração gengival, melhorando a qualidade das gengivas (gengivas cretinizadas) e evitando que elas voltem a retrair.
Veja quando o enxerto gengival é um pré-requisito à cirurgia para recuperar gengivas retraídas:
✓ a retração gengival é severa;
✓ as gengivas são finas e delicadas;
✓ os dentes estão mal posicionados;
✓ na ausência de gengiva ceratinizada (mais fibrosa);
✓ na prevenção contra nova retração gengival.
Os tipos de enxerto de gengiva.
Basicamente, existem três tipos de fontes de enxertos de gengivas. A seleção entre elas depende de fatores anatômicos e é feita pelo periodontista, sendo os desafios cirúrgicos locais e a espessura das gengivas doadoras e das gengivas receptoras os mais importantes.
Quando as gengivas provém do próprio paciente, o enxerto é classificado com autógeno. Quando fabricados, sintéticos ou biossintéticos, o enxerto é classificado como exógeno.
Enxerto Gengival Livre
É a técnica mais antiga, e hoje considerada obsoleta. Consiste no enxerto de gengivas coletadas do próprio paciente sobre a área com retração gengival. Apesar de eficiente, ela tem como desvantagens a formação de cicatrizes e diferenças de cor entre as gengivas doadoras (enxerto gengival) e as gengivas receptoras (gengivas retraídas).
Enxerto de Tecido Conjuntivo
É o tipo mais utilizado e recomendado. Nesta técnica de enxerto gengival autógeno, utiliza-se apenas a camada mais interna das gengivas, que é o tecido conjuntivo. A vantagem dela é que ela não deixa cicatrizes nem diferenças de cor entre as gengivas doadoras e receptoras. Na maioria dos casos, o tecido conjuntivo é coletado do palato, próxima aos dentes molares.
Enxerto de Gengiva Sintética ou Biossintética
É uma fonte alternativa ao enxerto de gengiva ou de tecido conjuntivo coletado do próprio paciente. A vantagem das gengivas sintéticas ou biossintéticas é trazer um pós-operatório cirúrgico mais simples. As desvantagens ficam por conta das limitações de indicações destes materiais, ainda restritos a poucas situações.
Como é a cirurgia para gengivas retraídas, na técnica com enxerto de tecido conjuntivo.
A cirurgia com enxerto de tecido conjuntivo é a técnica utilizada na quase totalidade das cirurgias para recuperar gengivas retraídas. E é fácil entender como ela é feita.
Anestesia
A cirurgia começa com a anestesia das gengivas receptoras e doadoras. O uso de pré-anestésicos tópicos garantem mais conforto à infiltração dos anestésicos, e toda a cirurgia é feita sem dores.
Incisões e descolamento da gengiva retraída
Nesta primeira etapa são feitas as incisões e descolamentos das gengivas retraídas. É um procedimento rápido, que não dura mais do que alguns minutos. Inicia-se por esta área para deixá-la pronta para receber o tecido conjuntivo, que será removido na próxima etapa.
Coleta do Enxerto de Gengiva
A remoção da gengiva ou apenas do tecido conjuntivo ser feita por duas técnicas: ou removendo toda a gengiva localizada no palato, ou removendo apenas o tecido conjuntivo localizado abaixo da camada mais externa das gengivas.
É um procedimento delicado, já que o tecido autógeno removido é fino e de pequenas dimensões. Após a remoção, o periodontista ajusta o tecido conjuntivo para o local aonde ele será sutura.
Sutura do Enxerto de Gengiva
Depois de coletado, o tecido conjuntivo é posicionado sobre a raiz dentária exposta, e então suturado abaixo das gengivas antes descoladas e agora posicionadas em posição adequada.
Após a sutura das gengivas e enxerto, é feita a sutura na área de coleta do tecido conjuntivo, ou gengiva, na técnica de enxerto gengival livre.
Cuidados pós-operatórios
Os cuidados tomados pelo paciente no pós-operatório são parte do sucesso da cirurgia. A adoção de uma dieta macia, o uso de instrumentos higiene oral próprios para limpar gengivas operadas e a restrição às práticas esportivas são obrigatórias até o terceiro dia passados da cirurgia.
Cicatrização
A gengiva é uma mucosa especializada, e, como tal, tem uma cicatrização cirúrgica mais lenta comparada, por exemplo, com a pele. Os pontos de sutura são removidos no décimo dia, momento quando as gengivas já estão com a coloração normal, e sem edemas (inchaços).
Cirurgias feitas em áreas estéticas, como os dentes anteriores, podem ficar visivelmente expostas dependendo da exposição anatômica das gengivas. Nestes casos, recomenda-se ao paciente evitar compromissos sociais até o quinto dia passado da cirurgia.
Rejeição do enxerto gengival.
A rejeição aos enxertos autógenos (gengiva ou tecido conjuntivo), quando acontecem, decorrem do deslocamento e desprendimento do enxerto gengival ou então da falha na revascularização do tecido enxertado.
A perda do enxerto de gengiva não traz danos estéticos ou estruturais às gengivas receptoras. Entretanto, é preciso estar atento às repetições exageradas deste procedimento mediante resultados pouco eficientes, que podem trazer danos gengivas e ósseos irreversíveis que, não raro, estendem-se às gengivas dos dentes vizinhos.
Conclusão Final:
Se você está enfrentando a desafiadora condição de gengiva retraída, considere a cirurgia com enxerto gengival como uma solução eficaz. Marque uma consulta com seu dentista para uma avaliação minuciosa e descubra como esse procedimento não só corrige o problema existente, mas também devolve a confiança ao seu sorriso. Recupere o controle sobre a sua saúde oral e sorria novamente, agora com uma autoestima renovada!
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