Prótese dentária adesiva, um guia com indicações e problemas.
A prótese dentária adesiva em porcelana traz nos bons resultados estéticos e preço mais baixo duas vantagens interessantes Mas será que esta antiga técnica ainda vale a pena?
por Luís Gustavo Morato Leite, dentista graduado e especializado em próteses dentárias pela UFRGS, em Porto Alegre.
Prótese dentária adesiva, opção estética com preço mais em conta.
O tratamento com prótese dentária fixa em porcelana é cheio de termos técnicos complicados. Pinos em fibra, coroas em cerâmica pura ou com zircônia, retratamento endodôntico, mockups e cirurgia gengival para aumento de coroa clínica são apenas alguns exemplos da vasta terminologia que vai aparecendo ao longo das consultas. E nem adianta reclamar, já que algumas decisões técnicas cabem somente a você. Mas quando o tratamento se faz com prótese dentária adesiva, redobrar o conhecimento sobre o dispositivo protético é mais do que importante. Essencial.
Hoje em dia, a maioria das próteses dentárias fixas são presas aos dentes através de adesivos – ou coladas, como dizem os pacientes. A técnica é tão eficiente que também é a preferida para fixar coroas em porcelana (jaquetas) e facetas cerâmicas laminadas. Porém, quando aparece o termo prótese dentária adesiva, é sobre o dispositivo protético exclusivo para repor dentes ausentes, e cuja forma de fixação se faz através de finas haletas metálicas adesivadas a dentes naturais, a que se referem os dentistas.
O preço mais em conta do tratamento é o grande destaque da técnica adesiva. Diferente da coroa ou pivô, que são confeccionados sobre raízes ou coroas dentárias danificadas, a técnica adesiva utiliza dentes vizinhos sadios como suporte – e só utilizando uma parte deles. E os resultados estéticos podem ser bastante interessantes, dependendo do local aonde a prótese adesiva é fixada.
Mas tanta simplicidade técnica e preço mais baixo tem viés complicado: durabilidade e retenção um tanto quanto decepcionantes. E agora?
Indicações limitadas da técnica adesiva podem decepcionar.
As indicações restritas para a técnica adesiva na recuperação estética de dentes perdidos limitam o tratamento para perdas em dentes posteriores. E um dos principais motivos para isso é a fragilidade do dispositivo protético frente a forças de tração durante a mastigação. São comuns os casos de próteses soltas em áreas com grande estresse mecânico de mastigação. Não à toa, é a última opção no tratamento com prótese dentária fixa em porcelana para reabilitação estética de dentes perdidos.
As indicações e contraindicações mais comuns, e que pode ser observada na lista abaixo, já dá uma ideia dos locais e situações candidatos para a técnica.
Indicações:
✓ reposição de coroa protética de apenas um dente perdido, em região anterior (incisivos);
✓ reposição de segundo pré-molar ausente;
✓ uso como prótese provisória em tratamentos com implantes;
✓ opção protética para pacientes sensíveis ao preço de tratamentos com outras técnicas com próteses dentárias fixas em porcelana.
Contraindicações:
✓ reposição protética de caninos perdidos;
✓ reposição protética de molares perdidos;
✓ reposição de dois ou mais dentes, lado-a-lado, perdidos;
✓ pacientes com bruxismo;
✓ apoio sobre dentes com muitas restaurações dentárias;
✓ dentes com mobilidade dentária;
✓ pacientes com sorriso gengival alto;
✓ técnica específica para higienização.
Problemas e riscos.
A técnica adesiva é frequentemente associada a fracassos no tratamento com próteses dentárias fixas na reabilitação de dentes extraídos. E embora os insucessos devam-se mais às indicações erradas do que às próprias limitações do dispositivo, mesmo as situações bem indicadas trazem riscos para quedas e infiltrações por cárie dental mais elevada, comparada às outras técnicas fixas. Observe abaixo as principais desvantagens do uso de dispositivos adesivos frente à coroas dentárias fixas em porcelana.
✓ durabilidade menor comparada a outras técnicas com prótese dentária fixa em porcelana;
✓ limitações estéticas (técnicas com zircônia não apresentam o problema);
✓ risco mais elevados para infiltrações por cáries dentárias;
✓ risco elevado para descolamentos;
✓ risco de danos estruturais aos dentes de suporte do dispositivo;
Alternativas à prótese dentária adesiva em porcelana.
E quais são as alternativas à prótese dentária adesiva frente às limitações estéticas e riscos elevados de soltura? Basicamente, duas. A primeira delas é o pôntico dentário, técnica tradicional que utiliza coroas protéticas fixamente presas à dentes adjacentes da áreas com dentes perdidos. A outra é a coroa protética fixa sobre implantes dentários, um tratamento mais otimizado, previsível e conservador para repor uma ou várias ausências dentárias.
• pôntico dentário fixo em porcelana
O pôntico dentário é a forma mais antiga e durável para repor dentes extraídos. Entretanto, tem nos desgastes dentários excessivos nos dentes que suportam o dispositivo o pontos fraco da técnica. Atualmente, é indicada no tratamento de indivíduos com pouco osso disponível para tratamentos com implantes dentários, ou ainda em pacientes com doenças que contraindicam a terapêutica implantodôntica ou possuem receios psicológicos ao procedimento cirúrgico característico do tratamento.
• coroa dentária fixa sobre implantes ósseointegrados
O tratamento com implante dentário ósseointegrado é uma alternativa sofisticada e mais efetiva à prótese dentária adesiva. As vantagens são óbvias: não necessita de desgastes a dentes de suporte, podem repor vários dentes ausentes, a higienização é mais fácil e ainda são mais seguros e duráveis. O preço mais elevado da terapia implantodôntica, entretanto, é uma desvantagem a favor da técnica adesiva.
• prótese parcial removível
A prótese parcial removível, ou ponte móvel, é a antiga técnica de reposição de um ou vários dentes perdidos. O dispositivo, que pode ser removido pelo próprio paciente, possui dentes em acrílico e uma estrutura volumosa e extensa em metal – presa aos dentes na forma de grampo. As limitações estéticas e de mastigação estão entre as mais elevadas, e só superadas por dentaduras (prótese dental). É uma alternativa para indivíduos em situação de restrição financeira, ou acostumados com o uso de pontes móveis.
Avaliando a relação custo x benefício: algumas observações.
São cada vez mais restritas as indicações para tratamentos com prótese dentária adesiva – e o preço menor do técnica continua sendo o fator que mais conta. Mas quando o orçamento mais curto fala mais alto na hora de selecionar o dispositivo protético ideal, é hora de partir para uma análise mais profunda da relação custo x benefício no tratamento com prótese dentária adesiva, e descobrir qual o tipo mais indicado conforme as necessidades e condições financeiras dos pacientes.
Partindo-se do princípio de que a indicação da técnica adesiva está correta e de que as necessidades estéticas não são tão elevadas – como as verificadas em pacientes em tratamentos com facetas laminadas ou lentes de contato dental, o preço é o primeiro fator a ser considerado.
E como os valores são diferentes entre dentista, consideramos o preço médio da prótese adesiva para reposição de um único dente ausente como sendo, em média, 40% do valor de um pôntico fixo em porcelana, ou 50% do valor do tratamento que inclui uma coroa fixa em porcelana mais um implante dentário.
O segundo fator mais importante é a durabilidade do tratamento. Pônticos e coroas fixas sobre implantes podem ter durabilidade 2 a 3X superiores à prótese dentária adesiva. Além disso, é preciso considerar que a prótese sobre implantes não necessita de desgastes nos dentes laterais às ausências dentárias e não possuem riscos para infiltrações por cáries dentárias.
O passo-a-passo do tratamento com prótese dentária adesiva.
Se são muitas as limitações e contraindicações da técnica, a facilidade e rapidez dos tratamentos com prótese dentária adesiva justifica os riscos assumidos. O tempo médio do tratamento é de 7 a 14 dias, período em que o paciente pode necessitar de próteses provisórias que, diga-se de passagem, são sempre complicadas para as situações de perdas dentárias em região anterior. Mas o passo-a-passo do tratamento já dá uma boa ideia sobre os procedimentos necessários para recuperar dentes perdidos.
1. exames radiográficos para verificar a saúde de raízes dentárias, presença de cáries dentárias e quantidade de osso de suporte;
2. exame e tratamento prévio das gengivas;
3. moldagens prévias para planejamento e análise de viabilidade do tratamento;
4. desgastes dentários em dentes de suporte para criar áreas para a fixação da prótese dentária adesiva;
5. moldagens definitivas;
6. instalação de prótese dentária provisória;
7. instalação da prótese dentária definitiva (cimentação adesiva).
Prótese dentária adesiva em zircônia: limitação, com muita estética.
As limitações de indicações da prótese dentária adesiva não impediram o desenvolvimento de técnicas mais estéticas. E, no caso, estamos falando do uso de zircônia nos dispositivos protéticos adesivos, eliminando todos os problemas decorrentes do uso de metal em próteses dentárias. Muito estéticas, podem ser utilizadas em pacientes até mesmo em tratamento com facetas laminadas e lentes de contato dental.
O grande porém da técnica é o preço mais elevado do tratamento, podendo ser até mesmo mais caro que o procedimento com coroa protética em porcelana sobre implantes dentários ósseointegrados.
Infiltração por cárie dentário, um problema pouco lembrado.
O risco mais elevado para a técnica adesiva é pouco lembrado na hora de selecionar o tratamento. E o problema decorre de várias formas, como desenhos de próteses que dificultam a escovação dos dispositivos, deslocamentos de uma das haletas de fixação que podem passar despercebidas e ser fonte para acúmulo de placa bacteriana ou adaptações defeituosas aos dentes.
Dicas para quem vai iniciar o tratamento com prótese dentária fixa em porcelana.
E se você já optou pelo tratamento com próteses dentárias na técnica adesiva, é hora de prestar de atenção a alguns detalhes essenciais para melhorar os resultados estéticos e prolongar o tempo de vida destes dispositivos. Tudo isso, é claro, desde que as indicações estejam corretas e todas as medidas preventivas já tenham sido tomadas.
✓ gengivas sadias (ausência de sangramentos gengivais provenientes de doenças gengivais) são essenciais ao dentes que suportarão as aletas adesivas;
✓ o clareamento dental pode ser necessário para harmonizar dentes naturais com a porcelana da prótese adesiva;
✓ placas para bruxismo são excelentes para…. soltar próteses adesivas – se você tem problemas de bruxismo, ou se utiliza as placas de forma preventiva a desgastes dentários, evite técnicas adesivas;
✓ próteses adesivas têm dificuldades estéticas no tratamento de pacientes com sorriso gengival alto – principalmente próximas a dentes com retração gengival;
✓ dentes com muitas restaurações são fortemente contraindicados para suporte das haletas de fixação – fique atento!;
✓ se forem planejados muitos desgastes aos dentes naturais que servirão de suporte é preciso reavaliar os danos potenciais a estes dentes;
✓ se forem planejados desgastes nos dentes que entrarão em contato com as haletas de fixação da prótese, também será preciso reavaliar a viabilidade técnica da técnica;
✓ dentes com mobilidade dos dentes são contraindicados para a técnica pelo risco de soltura constante das próteses.
Saiba mais sobre tipos de próteses dentárias fixas com estes posts:
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