FAQ

Tratamento da Retração Gengival

Informações Iniciais


1. O que é retração gengival?

A retração ou recessão gengival é a migração das margens das gengivas a partir da sua posição original, expondo as raízes dentárias ao ambiente bucal.

2. Quais as causas para o problema?

São várias as causas para a exposição inapropriada das raízes dentárias – e, na maioria das situações, atuando simultaneamente para o início e progressão da recessão. Entretanto, duas delas estão associadas à maioria dos casos: inflamações gengivais por acúmulo de placa bacteriana (periodontite) e trauma mecânico repetitivo devido à pressão excessiva as cerdas das escovas contra as gengivas.

3. O que é periodontite?

É uma doença infecciosa que atinge a estruturas de suporte das raízes dentárias, reabsorvendo o osso que envolve as raízes e provocando a perda de inserção das gengivas às paredes radiculares.

4. Meus dentes estão com várias raízes expostas e ouvi falar que isso é sinal de periodontite agressiva. Isso é verdade?

A periodontite de progressão rápida (agressiva) é uma variação mais destrutiva da periodontite crônica (comum). Rara, atinge preferencialmente indivíduos até 35 anos de idade – a faixa mais acometida pela doença é entre 14 a 24-25 anos. Se o aparecimento de raízes expostas em seus dentes se deu de forma rápida e você está nesta faixa de idade, procura imediatamente o seu dentista.

5. O que é placa bacteriana?

É uma película pegajosa e esbranquiçada aderida sobre os dentes devido à ausência ou ineficiente durante a higienização dos dentes. Composta por uma matriz celulóide e colônias de bactérias patogênicas responsáveis pelo aparecimento de cáries, gengivites e periodontites.

6. Que outros problemas podem aparecer em decorrência da retração das gengivas?

Raízes dentárias expostas trazem riscos elevados para o aparecimento de cáries dentárias, sensibilidade dental, formação de cavidades sobre as raízes pela ação traumática das cerdas de escovas durante a escovação e o aumento da velocidade de progressão da própria recessão gengival, entre outros problemas.

7. Como o tártaro está relacionado com a recessão gengival?

O tártaro é uma estrutura rígida e porosa formada pela calcificação da placa bacteriana não removida. Fortemente aderido às raízes e coroas dentárias, serve de abrigo para colônias de bactérias causadoras da periodontite e gengivite.

8. A retração gengival pode levar a perdas dentárias?

Sim. Quando não tratadas, pode haver progressão na destruição do osso que suporta as raízes dentárias até que a manutenção dos dentes em boca torna-se inapropriada.

9. O que é o trauma gengival por escovação e como evitá-lo?

A pressão excessiva das cerdas das escovas durante a higiene dos dentes pode traumatizar as gengivas a ponto de deslocar a borda das gengivas de sua posição original. Trata-se do trauma de escovação por exceção de força, cuja sequela pode ser a retração gengival irreversível e que requer procedimentos cirúrgicos para recobrimento de raízes dentárias expostas.

10. Meus dentes sangram durante a escovação. Como isso está relacionado com a retração das gengivas?

O sangramento gengival, que pode ocorrer de forma espontânea ou provocada, pode ser sinal de perda óssea pela ação inflamatória da placa bacteriana sobre os tecidos periodontais. Entretanto, é preciso saber que nem sempre este sangramento é sinal de perdas ósseas – neste caso, dizemos tratar-se de gengivite, um estágio inicial da periodontite.

11. É verdade que a alergia ao metal de próteses dentárias fixas metalocerâmicas pode ser a causa para raízes expostas?

Sim. Segundos diversas pesquisas científicas, aproximadamente 19% das mulheres apresentam alergias inflamatórias ao metal presente em próteses dentárias metalocerâmicas que, se não removidas, levam à destruição do suporte periodontal. O resultado são gengivas retraídas como resposta ao processo inflamatório crônico induzido pelo metal de próteses.

12. É possível que restaurações dentárias mal adaptadas sejam a causa para a recessão das gengivas?

Sim. Restaurações dentárias mal adaptadas facilitam o acúmulo de placa bacteriana, causa para doenças gengivais, exposição das raízes dentárias e cáries dentárias.

13. Como o biotipo gengival interfere no aparecimento e tratamento da recessão gengival?

As gengivas apresentam variações de espessura de indivíduos para indivíduos. Gengivas mais finais são mais suscetíveis à exposição das raízes dentárias, principalmente sob a ação traumática das cerdas das escovas dentárias durante a escovação dos dentes. Já na fase de tratamento, o biótipo gengival diminui o sucesso nos procedimentos cirúrgicos – com ou sem enxertos -, porém sem implicações nos procedimentos de remoção das bactérias patógenas (raspagem e alisamento de raízes infectadas) responsáveis pelas doenças gengivais.

14. Quando a retração gengival atinge dentes com próteses dentárias, é necessária a substituição destes dispositivos protéticos?

Dependendo da técnica e materiais utilizados na confecção de próteses fixas, pode ser necessário substituí-las para que a estética e riscos para acúmulo e placa bacteriana sejam mínimos.

Tratamento da retração gengival


15. Como a retração gengival pode ser tratada?

O tratamento da retração gengival envolve duas fases distintas: na primeira, os agentes causadores do problema são eliminados; na segunda, são adotadas medidas preventivas e terapêuticas para recobrimento de raízes expostas.

16. Como é realizada a primeira fase do tratamento?

A primeira fase compreende a eliminação dos agentes causadores. A raspagem das raízes infeccionadas e eliminação de fatores retentivos de placa bacteriana são os principais procedimentos nesta etapa, fundamental para evitar a progressão da perda óssea e perda de inserção das gengivas.

17. Após o procedimento de raspagem radicular para tratamento da gengivite e periodontite, as gengivas retraídas podem voltar à posição original?

Pouco provável, já que o reparo ou regeneração das estruturas de suporte das raízes dentárias perdidas são difíceis de serem obtidos seja pela remoção das bactérias patogênicas da doença periodontal ou procedimentos regenerativos do periodonto de suporte.

18. Como é a resposta ao tratamento periodontal em pacientes diabéticos?

Indivíduos com diabete controlada respondem favoravelmente ao tratamento periodontal para eliminação das bactérias patogênicas responsáveis pela gengivite e periodontite. Por outro lado, quando descontrolada (sem tratamento), estas respostas mostram-se desfavoráveis e podem necessitar de suporte medicamentoso e repetição dos procedimentos periodontais.

19. Sou fumante. Como o tabaco interfere no tratamento da retração gengival?

As substâncias químicas presentes no tabaco atuam de forma local ou sistêmica na microcirculação sanguínea dos tecidos periodontais, alterando as respostas inflamatórias e imunológicas às infecções bacterianas provenientes da placa bacteriana aderida às superfícies dentárias, agindo desfavoravelmente na resposta ao tratamento periodontal e acelerando a progressão da perda do osso de suporte das raízes dentárias.

20. Pode ser necessário o uso de antibióticos no tratamento da recessão gengival?

Sim, algumas condições de desenvolvimento da doença são beneficiadas pelo uso da terapia antibiótica temporária no tratamento das doenças gengivais. É o caso da terapia gengival realizada em pacientes com diabete não controlada ou outras doenças sistêmicas que atuam sobre as estruturas periodontais e na resposta humoral ao processo infeccioso periodontal.

21. Por que o dentista mede as profundidades das gengivas?

A medição da profundidade das gengivas permite quantificar a perda de inserção das gengivas à coroa e raízes dentárias e avaliar a existência de sangramentos localizados subgengivalmente – sinal importante para avaliar a atividade da periodontite (perda de osso e inserção de gengivas).

22. Como a retração gengival está relacionada com o tratamento com aparelhos ortodônticos.

Dispositivos ortodônticos para movimentações dentárias facilitam o acúmulo da placa bacteriana associada às cáries dentárias e doenças gengivais. Além disso, em certas ocasiões, a movimentação dos dentes pode levar à perda do osso de suporte dos dentes, trazendo com ela a exposição das raízes dentárias pela recessão das gengivas.

23. Meu dentista receitou o bochecho de gluconato de clorexidina a 0,12%, por alguns dias. O que é esse produto?

É uma substância química, de uso temporário, que auxilia na diminuição de bactérias responsáveis pelas doenças gengivais. (deplacagem química).

24. Qual a relação entre o posicionamento dos dentes nas arcadas dentárias e o tratamento da recessão gengival?

Dentes apinhados, girados e mal posicionados são, muitas vezes, facilitadores para o acúmulo de placa bacteriana. Além disso, a forma como os dentes estão posicionados podem implicar em tábua óssea e gengivas finas e delicadas, suscetíveis à destruição óssea e perda de inserção gengival vistos na periodontite.

25. Como fazer para recuperar o osso reabsorvido?

Um dos maiores desafios à odontologia, senão o maior, é regenerar ossos e ligamentos periodontais responsáveis pelo suporte das raízes dentárias. Na maioria das vezes, os resultados para diversas técnicas de enxertia óssea ou indução regenerativa são frustrantes a longo prazo. Em outras, são necessárias diversas intervenções para a arquitetura gengival e óssea seja reconstruída.

26. O tratamento de raspagem e alisamento radicular para remover placa bacteriana e tártaro localizados subgengivalmente dói?

Não, já que a analgesia prévia (anestesia) utilizada nos procedimentos periodontais permite que o tratamento seja realizado sem dores ou incomôdos, antes e após o tratamento.

Restauração dental


27. A restauração dentária pode tratar a raiz dentária exposta?

Não. A técnica com restauração dentária pode ser utilizada para proteger as raízes dentárias de desgastes e sensibilidade e ainda facilitar a remoção de placa bacteriana. Ainda assim, o procedimento não é, em si, um tratamento para a retração de gengivas retraídas.

28. A restauração dentária próxima a gengivas pode ser a causa para a recessão gengival?

Sim. É o que acontece quando as bordas localizadas junto ou internamente às gengivas (sulco gengival) estão com falhas de adaptação – fato que facilita o acúmulo de placa bacteriana.

Cirurgia gengival e pós-operatório


29. Quais são as técnicas cirúrgicas disponíveis para o tratamento da recessão gengival?

As duas principais técnicas para recobrimentos de raízes dentárias expostas são a cirurgia plástica gengival com uso de enxertos gengivais e a cirurgia plástica gengival com retalhos modificantes sem enxertos. Além disso, o que se tem são combinações e variações das duas técnicas apresentadas.

30. Qual é a previsibilidade e durabilidade da cirurgia plástica gengival para recobrimento da raiz exposta?

A durabilidade dos resultados das cirurgias plásticas periodontais merece, sim, atenção especial, já que, em algumas situações, 50% das gengivas operadas apresentam recidiva do tratamento passados sete anos do procedimento. Já a previsibilidade depende da análise de diversos fatores, como o biotipo gengival, extensão e localização da recessão gengival, presença de papilas gengivais intactas e cuidados intensivos no pós-operatório do tratamento.

Prevenção


31. Qual é o design ideal para escovas dentárias?

Não existe um design ideal para as escovas dentárias. O que se sabe, entretanto, é que a quantidade e flexibilidade das cerdas das escovas são mais eficientes à remoção da placa bacteriana.

32. Apenas o uso da escova dentária durante a higienização dos dentes já é suficiente para a prevenção de doenças periodontais que resultam na exposição das raízes dentárias?

Para a maioria das pessoas, não. É que, já a partir dos 30 anos de idade, é preciso utilizar algum tipo de dispositivo auxiliar de higiene oral para atingir áreas aonde as cerdas das escovas não conseguem remover alimentos e placa bacteriana.

33. Qual é o melhor dispositivo de higiene oral complementar às escovas dentárias: fio-dental, fita-dental, escova unitufo ou escova interdental?

Os dispositivos de higiene oral são diferentes entre si porque são desenvolvidos para necessidades (dificuldades) individuais de remoção de placa bacteriana. Por exemplo: nas regiões em que o uso de escovas interdentais está indicado o fio-dental mostra-se ineficiente para a remoção de placa bacteriana. E o mesmo raciocínio é utilizado para os diversos tipos de dispositivos de higienização dos dentes.

34. De quanto em quanto tempo precisarei retornar ao dentista para reavaliar a saúde das gengivas?

A periodicidade de retorno às consultas de avaliação da saúde de gengivas depende de vários fatores que apenas o dentista pode estabelecer. Pacientes mais suscetíveis ao aparecimento e progressão de gengivites e periodontites, por exemplo, podem necessitar de consultas de revisão a cada 90 dias, enquanto a outros recomenda-se o retorno a cada 360 dias.