Sangramento da gengiva em implante dentário requer atenção redobrada.
O sangramento da gengiva ao redor de implante dentário é um processo infeccioso que pode levar à perda da prótese dentária. Conheço as causas e tratamento da gengiva sangrando em implante dentário e saiba como tratar esse problema que pode trazer riscos à saúde muito além das gengivas.
Luís Gustavo Leite é dentista especialista em próteses dentárias e periodontia, ambas pela UFRGS, em Porto Alegre.
Sangramento gengival, um problema de saúde muito além das gengivas.
A gengivite, uma infecção das gengivas cujo principal sinal clínico é o sangramento que ocorre de forma espontânea ou ao escovar os dentes, recentemente apareceu no livro dos recordes, o Guiness, como a doença mais prevalente do mundo. Presente em quase 90% da população mundial, esta doença – a higienização oral inadequada é sua principal causa – pode mascarar, na verdade, a periodontite, uma forma mais severa de infecção que destrói o osso e ligamentos periodontais que sustentam as raízes dentárias.
Os danos provocados pela periodontite podem ir muito além das retrações gengivais ou riscos para perdas dentárias. Diversas pesquisas científicas vem mostrando como a periodontite pode ser a causa, intensificar ou ser intensificada por doenças como a diabetes, infartos cardíacos, depressão psicológica, problemas respiratórios e até mesmo a obesidade – quadros que podem estar associados ao sangramento da gengiva em implantes dentários osseointegrados.
Sangramento de gengiva em implante dentário. Quais as causas?
O sangramento da gengiva em implante dentário necessita de consulta ao dentista para investigar as causas e tratar o problema. Nos casos mais simples, também conhecido como mucosite, a infecção atinge apenas as gengivas. Já nos casos mais severos, o quadro clínico recebe o nome de peri-implantite, uma forma mais severa da mucosite cujas sequelas são a perda do osso que envolve o implante dentário.
Diversos causas podem agir juntas ou separadas para causar o sangramento da gengiva em implante dentário. A mais provável é a falha individual tanto na frequência quanto na qualidade de escovação e uso de outros instrumentos para remoção da placa bacteriana junto às gengiva. Em outras situações, são as falhas no design da prótese dentária fixa presa sobre o dispositivo implantodôntico ou adaptação inadequada às gengivas – a prótese dentária não adquire o formato natural dos tecidos gengivais.
Por outro lado, a infecção da gengiva e osso em implante dentário pode ser intensificada por fatores locais e doenças sistêmicas que também precisam ser tratados pra recuperar e manter a saúde das estruturas que suportam os dispositivos implantodônticos. Entretanto, antes mesmo de conhecer estes fatores, é preciso estar atento ao fato de que a maioria deles, ainda assim, necessita de acúmulo de placa bacteriana junto aos tecidos ósseos e gengivais para darem origem à mucosite ou peri-implantite.
Fatores locais e sistêmicos que podem intensificar o sangramento da gengiva em implante dentário:
✓ tabaco;
✓ diabetes;
✓ uso crônico de algumas medicações;
✓ doenças sistêmicas e metabólicas;
✓ alterações hormonais;
✓ fatores genéticos.
Tratando a infecção em implante dentário.
O sangramento gengival é sinônimo de infecção destes tecidos. Independente da severidade dos danos – com ou sem destruição do osso de suporte dos implantes dentários -, a remoção do quadro infeccioso, readaptação local para facilitar a remoção de placa bacteriana e estabelecimento de hábitos e técnicas de higienição oral são parte do tratamento para recuperar a saúde das gengivas e evitar a progressão e perda dos dispositivos implantodônticos.
O tratamento da infecção em implante dentário pode partir de procedimentos mais simples como a raspagem convencional – semelhante a realizada no tratamento da gengivite ou periodontite – a terapias que necessitam de pequenas cirurgias que permitem a remoção de osso infeccionado e desinfecção das roscas expostas dos implantes dentários que aparecem como sequelas da peri-implantite.
Outros procedimentos podem ser necessários para tratar a infecção do implante dentários. Uma delas é a cirurgia plástica gengival para modificação da arquitetura tecidual, podendo até mesmo incluir técnicas com enxerto gengival. Em casos mais severos de infecção e inflamação da gengiva, a susbtituição da prótese dentária fixa ou até mesmo a remoção do implante dentário podem ser necessários quando repetidos procedimentos de desinfecção são insuficientes para recuperar a saúde do osso que suporta o dispositivo implantodôntico e eliminar o sangramento da gengiva.
Porque o tratamento da peri-implantite é tão complicado.
A peri-implantite pode ser entendida, para simplificar, como uma versão mais simples da periodontite, a infecção que atinge as estruturas de suporte das raízes dentárias. Até certo ponto, as características são realmente bastante parecidas, como nos sinais clínicos como o sangramento gengival espontâneo e edema das gengivas. Entretanto, apesar destas e outras semelhanças, é preciso entender que a dinâmica infecciosa dela apresenta características próprias.
Implantes dentários não possuem ligamentos periodontais, as estruturas atingidas pela periodontite. É graças a esta características importante que a peri-implantite apresentam propriedades mais próximas às osteítes. Visto assim, é mais fácil de entender porque as infecções que acomentem o osso ao redor dos implantes dentários respondem de forma diferente ao tratamento padrão utilizado nas infecções que ocorrem ao redor das raízes em dentes naturais.
Recidivas no tratamento da peri-implantite são frequentes e trazem desafios à manutenção destes dispositivos. Procedimentos cirúrgicos são frequentemente utilizados para expor o osso infeccionado e facilitar a desinfecção óssea e das roscas dos implantes dentários já sem cobertura óssea – uma doença que, conforme diversas pesquisas científicas, independe do design do dispositivo em titânio.
A infecção óssea ao redor do implante dentário pode, em algumas situações, exigir a remoção do dispositivo por insucesso de tratamentos para remoção da infecção. Além disso, também é preciso estar atento ao uso de antibióticos no tratamento da peri-implantite, cuja maior finalidade é auxiliar nos resultados imediatos de procedimentos cirúrgicos em casos mais avançados.
Retração gengival em implante dentário pode ser recuperada.
A recessão gengival é uma das principais causas para consultas ao dentista. Resultado, na maioria das vezes, de falhas de higienização ou trauma por excesso de força durante a escovação dos dentes, a retração das gengivas é ainda mais frequente quando em contato com prótese dentárias fixas sobre dentes naturais e implantes dentários.
A retração gengival pode aparecer em implantes dentários por diversas causas. A mais comum delas é a sequela por perdas ósseas associadas à peri-implantite. Em outras situações, a recessão tecidual pode ser o resultado de reabsorções ou falhas ósseas decorrente do posicionamento inadequado do dispositivo implantodôntico (deiscência óssea) ou falhas na confecção da prótese dentária fixa que dificultam ou impedem a remoção da placa bacteriana pelo paciente. O mais importante é ter em mente que o sangramento gengival em implante dentário traz riscos elevados para a recessão tecidual localizada.
O tratamento da retração da gengiva em implante dentári é realizado através de plástica gengival com enxerto de gengiva. Apesar da versatilidade desta técncia, o tratamento nem sempre funciona. É o caso, por exemplo, das situações em que as perdas ósseas ocorrem por peri-implantites que resultam na recessão que envolve toda a coroa protética e impedem a reconstrução tecidual adequada para restabelecimento da estética dental localizada.
Gengiva sangrando em implante dentário e consultas periódicas ao dentista.
O entendimento de que o sangramento das gengivas em contato com implantes dentários é uma situação corriqueira é uma das causas para perdas destes dispositivos. A mucosite, a infecção que ainda está restrita às gengivas, pode ser entendida, sim, como a fase inicial da peri-implantite. Condições locais como a adaptação das próteses dentárias fixas e mesmo a predisposição genética à perdas ósseas por infecções modificam a velocidade e severidade de ação da doença e precisam ser avaliadas, caso a caso, para estabelecer um protocolo de tratamento e manutenção da saúde gengival.
A frequência das consultas periódicas ao dentista é estabelecida levando em conta diversos outros fatores locais e sistêmicos que importam no aparecimento de gengiva inflamada ao redor de implante dentário. Ainda mais importante, a manutenção de hábitos de higienização oral eficientes e diários são essenciais para manter a saúde das gengivas e dispositivos protéticos e implantodônticos instalados.
Gengiva inflamada em implante dentário: últimas considerações.
Gengivas sangrando não podem ser entendidas como uma situação normal. Danos ósseos locais que comprometem o próprio dispositivo e problemas de saúde que vão muito além da boca podem ser causados ou intensificados por gengiva inflamada em implante dentário, necessitam de consultas ao dentista para identificar as causas, recuperar a saúde e estabelecer um protocolo adequada de remoção da placa bacteriana.
Da mesma forma, gengivas inflamadas em próteses dentárias fixas necessitam de atenção redobrada pelos mesmos motivos são citados. Em indivíduos normais, eventuais e isolados com gengiva sangrando até podem ser considerados como parte de um quadro clínico saudável. O que não pode mesmo passar em branco é a manutenção de gengivas sangrando em contato com implantes dentários, próteses dentárias fixas ou mesmo em dentes naturais. O sangramento gengival não é uma condição normal e exige cuidados especiais para evitar complicações mais sérias à saúde.
Ainda em dúvida? Saiba mais sobre tratamento do sangramento gentival.
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