Gengivoplastia vale, sim, a pena. Cirurgia e detalhes explicados.
A gengivoplastia é uma cirurgia essencial para remover as gengivas em excesso que caracterizam o sorriso gengival. Veja as indicações, resultados, cuidados e pós-operatório, limitações e outras informações sobre esta técnica fundamental às transformações de impacto do sorriso.
Luís Gustavo Leite é dentista especialista em gengivoplastia (periodontia) em Porto Alegre.
Gengivoplastia, o que é.
A gengivoplastia é o recorte das gengivas que estão em excesso sobre os dentes. É um procedimento cirúrgico considerado de baixa complexidade cirúrgica, sendo realizada em ambiente clínico, no próprio consultório do dentista, com anestesia local.
Quando a gengivoplastia deve ser realizada.
A gengivoplastia tem indicações que vão além das correções estéticas. Veja quando ela deve ser realizada:
✓ correção do sorriso gengival;
✓ harmonização estética das gengivas;
✓ otimização estética para facetas de porcelana e lentes de contato dental;
✓ remoção das gengivas crescidas (hiperplasia gengival) após tratamento ortodôntico;
✓ tratamento complementar da periodontite;
Quando a gengivoplastia não deve ser realizada.
Em algumas ocasiões a gengivoplastia não deve ser realizada. Estas contraindicações, que podem ser momentâneas ou permanentes, quando não respeitadas podem trazer desde danos mais simples, como resultados estéticos insatisfatórios, a complicações mais sérias, como a retração gengival. Veja quando a gengivoplastia não deve ser realizada:
✓ gengivas inchadas e inflamadas;
✓ presença de doenças periodontais como a periodontite;
✓ risco elevado para retração gengival;
✓ ausência de exames tomográficos;
✓ durante o crescimento ósseo maxilar ou mandibular.
Como é a cirurgia para gengivoplastia.
A gengivoplastia é feita no consultório do dentista, sob efeito de anestesia local. O tempo da cirurgia, que depende do número de dentes envolvidos, não dura mais do que duas horas. É o tempo necessário para o dentista recortes as gengivas, remodelar o osso localizado abaixo deles, e então suturá-las (pontos cirúrgicos).
Após a anestesia, são realizados as incisões que determinam a posição final desejada. Dependendo do caso, são utilizados guias cirúrgicos de recorte confeccionados após a simulação cirúrgica.
Após as incisões iniciais, as gengivas são descoladas do osso para permitir a remoção e remodelação óssea, procedimento indispensável para que as gengivas não voltem a crescer e estabilizem suas formas exatamente como recortadas.
Por fim, as gengiva são reposicionadas e então suturadas. São necessários poucos pontos de sutura, já que o tecido gengival rapidamente se acomoda junto aos dentes, estabilizando eventuais sangramentos.
Cuidados, pós-operatório e cicatrização.
Como toda plástica gengival, a gengivoplastia requer cuidados durante o pós-operatório. Mas diferente de outras, como a cirurgia para retração gengival com enxerto de gengiva, a cicatrização e controle da dor pós-operatória são fáceis de serem administrados.
O tempo de cicatrização médio é de 14 dias – período em que as gengivas já apresentam-se com coloração normal, livre de inchaços. Apesar deste período prolongado de cicatrização, uma característica própria das gengivas, já é possível retomar as atividades sociais e de trabalho a partir do quarto dia passados do procedimento cirúrgico.
Não confunda gengivoplastia com gengivectomia.
Além da gengivoplastia, também existe outra técnica para remover as gengivas grandes, em excesso. É a gengivectomia, uma versão cirúrgica mais simples cuja principal diferença da gengivoplastia é a não necessidade de recortar o osso localizado abaixo das gengivas.
Apesar de simples, a gengivectomia nem sempre pode ser utilizada. O principal motivo para isto é que ela costuma recidivar, ou seja, as gengivas voltam a crescer – e isto passado poucos dias após a cirurgia. A causa para isto é exatamente a falta de remodelação do osso localizado abaixo das gengivas, um procedimento essencial para a maioria dos casos de sorriso gengival ou gengivas grandes.
As limitações da gengivoplastia.
A eliminação completa do sorriso gengival através é o desejo de todo indivíduo acometido pelo problema. Entretanto, algumas condições anatômicas, como o crescimento ósseo excessivo das arcadas dentárias, muitas vezes só permitem a diminuição parcial da exposição exagerada das gengivas ao sorrir ou falar.
Além do crescimento excessivo das arcadas, existem também outras limitações aos resultados da gengivoplastia. Questões como a perda das gengivas localizadas entre os dentes (papilas gengivais), perdas ósseas por periodontite, ou tábuas ósseas finas ao redor das raízes dentárias também podem limitar a cirurgia plástica gengival.
Para evitar frustrações com os resultados, exames clínicos e tomográficos e ainda as simulações, como as fotográficas ou as realizadas diretamente sobre os dentes, são importantes para entender as limitações da gengivoplastia.
Resultados: o que esperar da gengivoplastia.
Ao contrário do que se imagina, a gengivoplastia não serve apenas para remover gengivas grandes, em excesso. Um exemplo da versatilidade desta técnica de cirurgia plástica gengival é a diminuição do volume ósseo em excesso que costuma acompanhar o crescimento ósseo excessivo da arcada dentária (prognatismo).
Os resultados estéticos esperados da gengivoplastia são vistos, inicialmente, como gengivas alinhadas e harmônicas. Espera-se também que as bordas gengivais estejam localizadas entre a coroa e a raiz do dente – que é a posição estética e funcional ideais.
Outros resultados também são esperados, como a diminuição do volume gengival excessivo ou ainda a criação de diminutas concavidades gengivais logo acima as gengivas, que dão um aspecto mais natural e harmônico ao sorriso.
Problemas e complicações.
Problemas no pós-operatório da gengivoplastia são raros e, quando aparecem, não trazem maiores complicações. As intercorrências mais comuns são as pequenas hemorragias, que podem exigir ao paciente consultas odontológicas adicionais durante o período de cicatrização da cirurgia. Veja as complicações mais comuns:
✓ hemorragia pontual;
✓ dor eventual;
✓ edema prolongado.
Exames e planejamento.
Além dos exames clínicos feitos pelo periodontista, são também necessários exames radiográficos adicionais. O mais indicado é a tomografia computadorizada específica para gengivoplastia, que traz informações precisas sobre a quantidade de osso e gengivas que precisam ser removidos.
Além dos exames, também é necessária fazer um planejamento cirúrgico. É através dele que são elaboradas as simulações e guias de recorte das gengivas. O objetivo é aumentar a segurança do tratamento e aumentar a previsibilidade dos resultados finais da gengivoplastia.
Em quantos dentes é preciso fazer a gengivoplastia?
Assim como nos tratamentos com laminados cerâmicos do tipo lente de contato dental e faceta de porcelana, o protocolo estético para a gengivoplastia engloba apenas os seis dentes anteriores (de canino a canino), seja nas arcadas superiores ou inferiores.
Alguns pacientes, entretanto, como os que possuem sorrisos abertos que expõem até os dentes posteriores, necessitam de um recorte gengival mais extenso. Para ter certeza do número exato de dentes, simulações diretas sobre os dentes, como os mockups, podem ser indispensáveis para evitar o sobretratamento cirúrgico.
Riscos: retração gengival e sensibilidade dentária.
A gengivoplastia é um procedimento seguro e previsível. Quando erros aparecem, quase sempre são o resultado de imperícia técnica do dentista. E entre as complicações mais comuns, a retração gengival e a sensibilidade dentária são as que mais preocupam.
A retração gengival pode aparecer como resultado da gengivoplastia quando uma quantidade excessiva de osso é retirada. Como resultado, as gengivas deixam descobertas partes iniciais das raízes dentárias que, apesar de imperceptíveis, podem resultar em dor e sensibilidade ao ingerir alimentos frios e ácidos.
A retração gengival como resultado da gengivoplastia pode ser revertida por cirurgias gengivas simples, sem uso de enxertos gengivais. Já a sensibilidade, problema mais comum, pode ser eliminada através da aplicação de agentes dessensibilizantes, no consultório do dentista.
Gengivas não voltam a crescer após a gengivoplastia – ou não deveriam.
Ao contrário do que se imagina, as gengivas não voltam a crescer com o tempo. O motivo para isto é o recorte preciso do osso localizado abaixo das gengivas recortadas, que precisa distar exatos 2mm das bordas das gengivas.
O recorte ósseo é até mesmo mais importante que o recorte da gengiva. É ele quem, na verdade, determina o formato final das mesmas. Erros nesta etapa resultam em gengivas assimétricas, frequentemente vistas como pontiagudas.
Tempo de espera para iniciar outros tratamentos dentários: 90 dias.
Muitas vezes a gengivoplastia é realizada para melhorar os resultados estéticos de outros tratamentos. Procedimentos como próteses dentárias em porcelana, faceta de porcelana, lentes de contato dental e facetas de resina ficam mais harmônicos e naturais quando precedidos por ajustes nas simetrias entre gengivas e lábios.
Passados 30 dias da cirurgia, já não é mais possível perceber sinais cirúrgicos. Ainda assim, é preciso esperar mais 60 dias. É o tempo para a consolidação final das gengivas, algo sutil e imperceptível mas necessária para os procedimentos de moldagens de próteses dentárias fixas em porcelana.
Gengivas precisam estar saudáveis no dia da cirurgia.
No dia da cirurgia, as gengivas precisam estar livres de inchaços, vermelhidão e sangramento gengival. Doenças como a gengivite e a periodontite, que tem a higiene oral precária como causa, podem complicar a cicatrização tecidual. E ainda pior, os resultados do recorte costumam ser imprevisíveis.
A limpeza das gengivas (profilaxia), recomendada para ser realizada uma semana antes da gengivoplastia, pode ser estendida para até 45 dias quando da presença da periodontite.
O periodontista é o dentista especializado em gengivoplastia.
A gengivoplastia pode ser realizada por qualquer dentista. Entretanto, para maior segurança ao tratamento, recomenda-se o periodontista, que é o dentista especializado no tratamento e cirurgias plásticas em gengivas.
Organizando a agenda para a cirurgia.
Para quem já está com tudo pronto para fazer a gengivoplastia, organizar a agenda para compatibilizá-la com o período pós-operatório é o próximo passo.
Os dias mais recomendados para fazer a cirurgia são as quintas ou sextas-feiras, que permitem ao paciente entre dois a quatro dias livre de compromissos sociais ou de trabalho.
Medicação e controle da dor na gengivoplastia.
A gengivoplastia não dói quando acompanhada por analgésicos simples, administrados nos dois primeiros dias passados da cirurgia. Antibióticos também podem ser administrados, sendo uma opção terapêutica de cada profissional – amoxicilina, via oral, durante 7 dias é o sistema mais utilizado.
Voltar para o blog