Cirurgia plástica gengival. Deleite em tratamento odontológico.
Cirurgia Plástica Gengival. Informações sobre técnicas e vantagens para recobrimento ou novo recontorno estético gengival. (post atualizado em abril/2017).
por Luís Gustavo Morato Leite, dentista graduado e especializado em próteses dentárias pela Ufrgs, em Porto Alegre
O avanço técnico nos tratamentos estéticos de alto impacto com porcelanas elevou consideravelmente as exigências estéticas para outros procedimentos odontológicos. Um deles é a cirurgia plástica gengival, procedimento utilizado para a correção da forma e posicionamento das gengivas. É que recontorná-las cirurgicamente pode ser um fator decisivo quando a harmonia entre lábios, dentes e linhas do sorriso são essenciais na construção de sorrisos marcantes.
Os tratamentos com laminados cerâmicos, como as facetas em porcelana e lentes de contato dental, dependem diretamente da arquitetura gengival e labial. A não correção dessas estruturas frequentemente resulta em pacientes frustrados com os resultados desses tratamentos. E, em mulheres, o problema pode ser ainda pior, já que o sorriso gengival alto está presente em quase 30% da população feminina. Uma situação que não pode passar despercebida.
Apesar de comum nos tratamentos de transformação do sorriso, a cirurgia plástica da gengiva há muito deixou de ser uma necessidade exclusiva nos tratamentos com laminados cerâmicos. Diversos tipos de correções gengivais são possíveis com o procedimento, como a equalização de alturas, remoção de gengiva escura ou acinzentada pelo metal de prótese dentárias e a readequação estética para próteses dentárias em porcelana ou fechamento de espaços entre os dentes (diastemas). Indicações que aumentam a cada dia.
Quem precisa realizar esse tipo de procedimento ?
O procedimento de recontorno estético gengival é indicado para indivíduos cujo desalinhamento e mal posicionamento das gengivas comprometem a harmonia do sorriso. Exemplos para a indicação do procedimento são o sorriso gengival alto, as hiperplasias decorrentes de tratamentos ortodônticos ou uso de determinadas medicações, e as pequenas correções individualizadas que fazem toda a diferença na beleza e naturalidade do sorriso.
Outra indicação clássica para a cirurgia plástica da gengiva, e que vai no sentido contrário aos procedimentos de nivelamento e alinhamento gengival com remoção de gengiva e osso, é a cirurgia gengival para recobrir recessões e retrações gengivais. Nessa técnica, a espessura de gengivas finas e delicadas, cuja transparência evidencia raízes escurecidas por tratamentos de canal problemáticos ou implantes ósseo-integrados , são aumentadas para recuperar a harmonia do sorriso.
E, por último, as cirurgias plásticas da gengiva para correções de manchamentos ou melanoses que interferem na estética do sorriso. Seja qual for a necessidade, as cirurgias gengivais estabeleceram um outro padrão nos resultados estéticos de diversos tratamentos dentários, elevando as necessidades e exigências de pacientes à procura por tratamentos marcantes e duradouros.
Qual o momento ideal para a cirurgia plástica gengival?
A cirurgia plástica gengival não pode ser realizada a qualquer momento nos tratamentos de transformações estéticas dos sorriso com próteses dentárias em porcelana pura ou laminados cerâmicos. O momento mais adequado para corrigir problemas de harmonia e contorno gengival se dá, no mínimo, 3 meses antes do início do tratamento com dispositivos cerâmicos (porcelanas). É que a cicatrização gengival, embora visualmente pareça consolidada já a partir de 21 dias, é delicada e domorada na sua reconstituição estrutural interna.
O importante é saber que os procedimentos estéticos com porcelanas só podem ser realizados sobre gengivas perfeitamente cicatrizada. Planeje-se com o seu dentista, já que as necessidades de transformações mais urgentes podem não se beneficiar da cirurgia plástica gengival.
Quais as técnicas mais utilizadas para a cirurgia plástica gengival ?
A cirurgia plástica gengival para nivelamento das alturas gengivais (nivelamento de zênite) é o procedimento mais comum. A técnica é dividida, basicamente, em dois tipos: na primeira, a abordagem cirurgica se dá apenas sobre a gengiva; já na segunda, a remoção de tecido ósseo é essencial para o tratamento. Entenda um pouco mais sobre elas:
1. Gengivoplastia
A gengivoplastia é a remoção e reconstrução cirúrgica do contorno da gengiva ao redor do dente. Realizada em consulta única, remove apenas a gengiva que está em excesso e desalinhada. É mais simples que a gengivectomia porque não remove o osso que de suporte às estruturas periodontais.
Apesar da simplicidade, a gengivoplastia pode exigir, ao paciente, vários dias em resguardo. E o período pós cirúrgico para o início de tratamentos com próteses dentárias, restaurações, facetas em porcelana ou lentes de contato dental pode levar até 60 dias.
2. Gengivectomia
A gengivectomia, a cirurgia plástica periodontal propriamente dita, é indicada para tratamentos estéticos em que apenas o recorte gengival não é suficiente para nivelar e harmonizar as gengivas. Enquanto na gengivectomia apenas a borda livre da gengiva é recortada, na gengivectomia a abordagem cirúrgica se dá sobre toda a estrutura periodontal: gengiva, osso e ligamentos periodontais.
O período de cicatrização se dá, na melhor das hipóteses, em 90 dias. Cirurgias mais delicadas e extensas podem necessitar de até 6 meses até que as gengivas estejam prontas para as moldagens nos tratamentos com laminados e próteses cerâmicas.
3. Enxerto gengival para recobrimento de retrações
Por vezes, as retrações gengivais expõem, em demasia, as raízes dentárias. Dores e aumento de sensibilidade ao frio ou alimentos ácidos vêm logo em seguida. Os defeitos estéticos ou ainda outros problemas como aumento na retenção de placa bacteriana associada a doenças como gengivite e periodontite também são causas para a retração em gengivas.
A cirurgia plástica gengival com enxerto é mais complexa e menos previsível. Nela, os enxertos gengivais são coletados do próprio paciente e inseridos sobre as raízes dentárias que sofreram retrações. Diversos fatores são importantes para que o resultado seja efetivo e não precise ser refeito. Apesar da complexidade encontrado nesse tipo de cirurgia estética da gengiva, já é um procedimento mais comum do que as cirurgias plásticas gengivais para correção de linhas de sorriso.
4. Reposicionamento da margem gengival sem enxerto gengival
A técnica para reposicionamento da margem gengival é indicada para a correção de tipos muito específicos de retrações gengivais, cujos enxertos de gengiva coletados no palato ou de áreas próximas não são necessários.
Nessa técnica, realiza-se uma única incisão, 2 a 3 mm abaixo da margem gengival próxima as recessões gengivais, com o objetivo de distencionar o tecido mole na região problemática. Em seguida, a borda gengival livre é reposicionada na posição correta, e então suturada. A taxa de sucesso para a técnica, entretanto, é alvo de discussões acaloradas com relação à eficácia do tratamento.
5. Enxerto gengival de PRF ( plasma rico em plaquetas )
Uma técnica recente, porém com pouca comprovação científica de eficiência a longo prazo, preconiza a substituição de enxertos gengivais do próprio paciente por membranas de plasma rico em plaquetas coletados do próprio paciente.
Quais os problemas mais frequentes à cirurgia plástica gengival ?
A cirurgia plástica gengival tem vieses que são sentidos na taxa de sucesso do tratamento a longo prazo. São vários os fatores que interferem no insucesso do tratamento. Entretano, a seleção adequada da técnica contribui para que pacientes frustrados com os resultados do procedimento sejam pouco frequentes.
✓ recidiva dos resultados
A recidiva da cirurgia plástica gengival tem uma taxa relativamente elevada nos tratamentos para retrações gengivais ou aumento de espessura para gengivas muito delicadas. Já para as cirurgias para nivelamento da altura gengival os casos, se não raros, são inexistentes.
✓ descolamento do enxerto gengival
A cirurgia plástica da gengiva com enxerto gengival requer cuidados pós operatórios severos, já que o descolamento de enxertos gengivais é um problema frequente nesses procedimentos.
✓ infecções pós-operatórias
A infecção pós-operatória é um risco a qualquer procedimento cirúrgico. E nos gengivais a situação não é diferente. Mas fique tranquilo, já que as infecções pós operatórias nas cirurgias gengivais são raras, fáceis de tratar e não deixam sequelas.
✓ tempo de cicatrização fina prolongada (até 6 meses)
O tempo médio para a cicatriação fina (que não pode ser visualmente percebida pelo paciente) é de 90 dias. Entretanto, procedimentos muito extensos e invasivos, como a correção cirúrgica do sorriso gengival alto associado ao tratamento com facetas e lentes de contato dental, podem necessitar até 180 dias para que tudo está correto para o início do tratamento.
O resultado da cirurgia é permanente ou é preciso refazê-la de tempo em tempo ?
Depende da técnica utilizada. O resultado final da cirurgia plástica gengival para recobrimento de recessões gengivais, por exemplo, não é permanente para a maioria das situações. Além disso, outros fatores como o biotipo da gengiva ou a quantidade de osso que suporta as gengivas contribuem para a recidiva da retração gengival – que ocorre ao longo dos anos.
Já a cirurgia gengival para nivelamento e alinhamento do zênite gengival pode ser considerada, na maioria dos casos, permanente. É o que pode ser observado nas cirurgias para correção do sorriso gengival, cujos resultados não apresentam modificações significativas ao longo dos anos.
Cirurgia plástica gengival : correção de retrações em vários níveis de altura.
Quais são os fatores de riscos para o sucesso da cirurgia plástica da gengiva ?
O biotipo da gengiva operada e a localização do dente na arcada interferem diretamente no resultado final da cirurgia plástica gengival. Fatores como a extensão da retração da gengiva e cuidados pós operatórios também são riscos para o sucesso do tratamento.
1. biotipo da gengiva.
As gengivas possuem diferenças na espessura que infleunciam nos resultados das cirurgias plásticas da gengiva, tanto para os enxertos de gengiva nos tratamentos de retrações gengivais quanto nas cirurgias para remoção de gengiva em excesso. Nos dois casos, gengivas finas trazem prognóstico menos favorável comparadas a gengivas mais espessas.
2. localização dos dentes na arcada.
A cirurgia plástica gengival tem melhor prognóstico em arcadas cujos dentes estão alinhados. Dentes desalinhados oferecem prognósticos desfavoráveis. Cirurgias para enxertos ósseos são ainda mais prejudicadas em casos com um ou mais dentes desalinhados na arcada.
3. fumo.
A nicotina age nos tecidos gengivais diminuindo a vascularização e trânsito de células envolvidas nos processos de inflamação e invasão bacteriana. O resultado disso tudo é o que o processo de cicatrização nesses pacientes é mais lento do que em paciente não fumantes. Um protocolo de restrição de uso da nicotina 6 semanas antes e 2 semanas após a realização da cirurgia plástica gengival é eficaz para minimizar os problemas provocados pelo tabaco.
4. diabetes
Indivíduos com diabete não controlada apresentam menor capacidade de cicatrização de tecidos como gengivas e epitélios do que pacientes saudáveis ou com diabete controlada.
5. cuidados pós-operatórios
A cirurgia gengival com enxerto ósseo requer cuidados pós operatórios que podem ultrapassar a capacidade individual de prevenção a alimentos duros no local da cirurgia. A cooperação do paciente após a cirurgia plástica gengival é fundamental no resultado final do tratamento.
Qual é a relação ideal entre as gengivas, lábios e dentes ?
Relações de tamanho e posição entre dentes, lábios e gengivas interferem na apreensão de beleza a respeito do sorriso. Muitos estudos são sugestões de relações de largura e altura ideias de dentes e gengivas que seriam mais apropriados e agradáveis ao olhar humano. Outros estabelecem comprimentos dos dentes e relação das partes mais altas com a posição das gengivas.
Entretanto, um olhar rápido por várias fotos com sorrisos estabelece como ideal harmônico os sorrisos cujos lábios estão sobrepostos à parte mais alta dos dentes, e ainda assim conseguimos enxergar as gengivas entre esses dentes. É por isso que a cirurgia plástica gengival está indicada para pacientes com o sorriso alto – aonde os lábios não conseguem impedir o acesso visual a toda parte dentária em contato com as gengivas.
Novas técnicas de cirurgia gengival e tendências estéticas.
As técnicas para cirurgias plásticas na gengiva estão sempre evoluindo, ou apresentando variações que podem ser aplicadas para casos específicos. O uso de imagens tomográficas é um meio valioso como auxiliar na posição do osso abaixo da gengiva, facilitando técnicas cirúrgicas atualizadas que evitam o afastamento total da gengiva durante o procedimento – resultando em um pós-operatório melhor e com previsibilidade de resultado de cicatrização provavelmente melhor do que as técnicas convencionais.
A cirurgia gengival não é apenas mais um recurso estético, já que também implica na saúde e bem estar. Existem estudos que relacionam a longevidade com a saúde gengival e o número de dentes presentes. A qualidade de vida entre idosos com poucas perdas dentárias é melhor comparada a idosos com muitas perdas ou com perdas totais, como no caso das dentaduras. A cirurgia plástica da gengiva é um recurso interessante no restabelecimento e prevenção de diversos problemas que colocam em risco a saúde das gengivas e manutenção dos dentes.
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