Retração gengival em implante dentário existe e tem tratamento.
por Luís Gustavo Morato Leite, dentista graduado e especializado em próteses dentárias pela UFRGS. Porto Alegre.
Retração gengival em implante dentário tem causas diversas.
Gengivas escuras e acinzentadas junto a implantes dentários é um problema mais comum do que se pode imaginar. Diferente da recessão gengival que ocorre em dentes naturais, nestas condições os danos à harmonia do sorriso podem ser devastadores quando a gengiva retraída expôe as partes metálicas escuras de próteses dentárias fixas e implantes dentários. Sem dúvida, uma complicação estética devastadora.
Existem várias causas para a recessão gengival em implantes dentários – as duas princiapais são a peri-implantite e o posicionamento inadequado do dispositivo implantodôntico. Mas os motivos para o aparecimento da retração param por aí, já que outros fatores também estão associados à condição recessiva – e, em algumas situações, mais de um deles atuam em conjunto para o aparecimento da condição.
1. peri-implantite
A principal causa para a retração de gengivas ao redor de implantes dentários é a peri-implantite. Causada por bactérias provenientes de placa bacteriana acumulada pela higiene oral deficiente, esta condição infecciosa provoca a reabsorção do ossso em contato com o dispostivo implantado. Na maioria das vezes, este processo é acompanhado por retração da gengiva localizada junto à prótese dentária fixada ao implante dentário.
2. implante mal posicionado
A segunda maior causa para gengivas retraídas ao redor de implantes dentários deve-se ao posicionamento inadequado do dispositivo implantado. O erro mais comum dá-se nas regiões estéticas anteriores da arcada superior, uma região que tábuas ósseas que costumam ser finas e pouco favoráveis ao tratamento com implantes dentários.
3. quantidade e qualidade óssea inapropriadas
A arquitetura óssea desfavorável é um situação comum às àreas com perdas dentárias antigas (há mais de 6 meses). Nestas condições, o volume ósseo diminuído, não acompanhado por enxerto ósseo e gengival para reparar ou regenerar a reabsorção óssea, traz desafios à implantação adequada do implante dentário. O resultado é a reabsorção óssea precoce e retração da gengiva.
4. biotipo gengival fino
Gengivas finas e delicadas são mais propensas à recessão gengival e exposição das raízes dentárias – e, no caso dos implantes dentários, a condição também se aplica. Apesar do tecido gengival ao redor do dispositivo implantodôntico ser diferente da gengiva ao redor de dentes naturais, o problema se repete para os implantes dentários instalados em indivíduos com gengivas pouco espessas e transparentes.
5. diabetes e fumo
Diabetes e fumo são duas condições fartamente documentadas por pesquisas científicas como fatores para insucesso em tratamento com implantes dentários. E assim como acontece com dentes naturais, eles também atuam para potencializar os efeitos de doenças infeciosas – principalmente a peri-implantite. Nestes indivíduos, o controle períódico dá-se de em períodos curtos e podem exigir até mesmo modificações no plano de tratamento.
6. design do implante
O design da prótese dentária fixa e do implante dentário influenciam diretamente em várias etapas do tratamento. A relação destes elementos com a margem do osso e gengiva em contato com estas estruturas é modifica conforme a superfície e forma de conexão entre os dispositivos utilizados no tratamento.
A gengiva ao redor de implantes dentários…. não é gengiva!
Uma informação importante – e desconhecida pela maioria dos dentista – é que a gengiva que circunda os implantes dentários e a prótese dentária fixa conectada a ele não é exatamente gengiva. Na verdade, trata-se de uma mucosa semelhante à encontrada em algumas partes da cavidade oral.
Um dos objetivos do tratamento com implantes dentários é criar condições propícias para que a mucosa que circundará a coroa protética e os componentes protéticos de união adquira características semelhantes – principalmente estética – à gengiva natural. E vem exatamente daí os desafios enfrentados pelo dentista nos procedimentos para recuperar a gengiva retraída nestas regiões.
Tratamento depende da severidade da recessão gengival e perda óssea.
A recuperação da gengiva retraída em contato com implante dentário pode ser realizada de diversas formas. Tudo depende da intensidade da retração gengival e da quantidade e localização da perda óssea ao redor do implante dentário – e isso sem falar no biotipo gengival (fino ou espesso), que pode modificar a técnica empregada.
Um conjunto de técnicas está disponível ao dentista especializado no assunto. O objetivo é recuperar a gengiva retraída sem que a remoção do implante dentário seja necessária – o que nem sempre é possível. Conheça os principais procedimentos utilizados para restabelecer a arquitetura tecidual e estética perdidas:
1. enxerto ósseo
É o tratamento indicado para perdas ósseas que acontecem apenas na parte central e externa do implante dentário, em pacientes com gengivas espessas e sem efeitos de transparência. O objetivo é fornecer suporte ósseo para o tracionamento gengival até a posição mais estética e natural. Outra indicação da técnica é criar uma camada óssea que impeça o escurecimento gengival pelo metal do dispositivo implantodôntico.
2. enxerto gengival
Indicado para corrigir gengivas finas e delicadas cuja transparência e fragilidade resultam no acinzentamento ou retração tecidual. O enxerto gengival, coletado do próprio paciente, aumenta a espessura dos tecidos em contato com implantes dentários e próteses dentárias fixas e oferece resistência à tendência para recessão gengival apresentada por estes indivíduos.
3. enxerto ósseo + enxerto gengival
Casos mais severos de perda óssea ao redor de implantes dentários acompanhada de exposição do metal de próteses dentárias e roscas do dispositivo implantado são indicações para o uso combinado de enxerto ósseo e gengival. Os resultados deste procedimento, assim como nos demais, já podem ser observados a partir de 14 dias da cirurgia – período em que os tecidos já estão cicatrizados e desinchados.
4. remoção do implante + enxerto ósseo + instalação de novo implante
Implantes dentários malposicionados podem ser a causa para a retração gengival ao redor de próteses dentárias fixas – e a remoção destes dispositivos pode ser a única solução. Este procedimento, que pode ou não ser acompanhado da instalação de novo implante dentário, quase sempre requer enxertia de osso ou até mesmo de gengiva.
Periimplantite: você precisa saber sobre isto.
A peri-implantite é uma infecção bacteriana que atinge as gengivas e o osso em contato com implantes dentários. A principal causa para esta doença são as bactérias provenientes da placa bacteriana acumulada devido à higiene oral deficiente. Condições com diabete, fumo ou doenças ósseas (oesteomielite) costumam intensificar o problema, sendo frequentemente causas para fracassos com implantes dentários.
A peri-implantite é mais comum do que se pode imaginar. Revisões sistemáticas sobre a doença aponta que, entre 25 a 45% dos implantes dentários instalados em todo o mundo apresenta o problema. Na verdade, um problema, dada a elevadíssima incidência desta condição infecciosa. De certa forma, a peri-implantite é semelhante à periodontite, comportalhando sinais clínicos como o sangramento gengival, vermelhidão e inchaços das gengivas.
As consequências da peri-implantite são vistas como a perda do osso que circunda o implante dentário. A velocidade de progressão deste problema depende de fatores locais e ambientais, mas que frequentemente resultam na perda do dispositivo implantodôntico. O tratamento, bastante semelhante ao tratamento da periodontite, exige a remoção da infecção bacteriana que, em determinados casos, pode exigir procedimentos cirúrgicos para acessos ou modificação da arquitetura óssea e gengival local.
A peri-implantite pode trazer danos à saúde não restritos apenas ao osso e gengiva ao redor de implantes dentários. Problemas como a diabete ou doenças respiratórias podem ser intensificadas pela presença da inflamação crônica local. O mais importante a saber sobre esta doença infecciosa é que ela é uma condição frequente e que exige manutenção periódica ao dentista para manter a saúde bucal sempre em dia.
Substituindo o implante dentário.
Entre as principais causas para a retração gengival junto a implantes dentários está o posicionamento inadequado do dispositivo. O problema, mais frequente na parte externa da arcada, pode aparecer quando a parede óssea que recobre esta região possui tem espessura inferior a 2 mm – uma condição comum, já que muitas vezes o osso disponível para implantação não possui largura suficiente.
A substituição do implante dentário associado a gengivas retraídas que expõem a parte metálica do dispositivo é comum para resolver o problema. As situações mais comuns – além do psocionamento inadequado – são aquelas em que uma parte considerável do recobrimento ósseo externo do dispositivo foi perdida. O procedimento, cirúrgico, pode ser concomitante à instalação de novo dispositivo implantodôntico desde que as condições ósseas locais sejam favoráveis.
Em casos mais severos de recessão gengival e perda óssea, procedimentos cirúrgicos para reparar ou regenerar a arquitetura anatômica local podem protelar a instalação imediata do novo implante dentário. De qualquer, o planejamento do tratamento leva em conta uma série de fatores que determinam o passo-a-passo das etapas cirúrgicas e protéticas.
Cirurgia plástica gengival otimiza os resultados estéticos.
A retração gengival só ocorre quando o osso que a sustenta é, por algum motivo, reabsorvido. Se o problema aparece apenas na região central do dispositivo implantodôntico, pode não haver a recessão da gengiva e consequente exposição do metal de próteses dentárias e implante dentário. Entretanto, quando a perda óssea ocorre na parte mais próxima à prótese, a situação exige procedimentos combinando enxerto gengival ao enxerto ósseo.
Os indivíduos mais exigentes com a estética do sorriso, entretanto, podem necessitar de procedimentos cirúrgicos adicionais. A cirurgia plástica gengival, bastante utilizada para correções que vão do alinhamento das gengivas ao sorriso gengival, dispõem de técnicas ideiais para harmonizar ainda mais o seu sorriso. Uma delas é a gengivoplastia, que reconstrói a arquitetura gengival, combinando-as tanto em formato quanto em altura.
Substituindo a prótese dentária fixa por técnicas mais estéticas.
Gengivas escuras e acinzentadas podem ser o resultado da transparência tecidual revelando a estrutura interna de próteses dentárias e implantes dentários. Esta situação, mais comum do que se pode imaginar, exige a substituição da prótese dentária por técnicas mais modernas, como a prótese dentária em zircônia ou em porcelana pura.
prótese dentária em zircônia
É a técnica mais utilizada com prótese dentária fixa na Europa e no Japão. Além dos resultados estéticos marcantes, a elevada durabilidade e resistência da zircônia permite o emprego do material para procedimentos como a dentadura fixa (protocolo dentário) ou pôntico dentário. É ideal para ser instalada sobre dentes naturais escurecidos após tratamento de canal, pinos metálicos e componentes metálicos de implantes dentários.
prótese dentária em porcelana pura
Utilizando os mesmos materiais empregados na confecção de lentes de contato dental e facetas em porcelana, produz os efeitos estéticos mais impressionantes para tratamentos com próteses dentárias fixas. As desvantagens frente a técnica com zircônia ficam á restrição do material para coroas unitárias e fixação sobre dentes ou componentes protéticos claros ou brancos.
Gengivas escuras e acinzentadas: a alergia ao metal de próteses dentárias e implantes dentários.
A alergia ao metal de próteses dentárias fixas é um problema que atinge quase 20% das mulheres. Não à toa, esta técnica foi descontinuada em diversos países da Europa devido aos riscos à saúde geral provocados pela inflamação alérgica crônica. E neste sentido, o exame periodontal cuidadoso de gengivas retraídas em contato com próteses e implantes dentários com componentes metálicos precisa levar em conta o componente alergênico destes dispositivos.
A alergia ao metal de implantes dentários, o titânio, ainda carece de pesquisas científicas para maiores comprovações – o que não descarta o problema. O diagnóstico da condição é difícil e pode exigir do dentista especializado atenção redobrado para o problema. O fato é que, até mesmo para a técnica em zircônia, já existem casos comprovados de alergia que precisam ser lavados em conta na hora de selecionar desde o tipo de implante dentário até o material de próteses dentárias fixas.
Saiba mais sobre retração gengival e implantes dentários:
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